Um trágico acidente em Maio de 2005, no mesmo dia em que abandonara os Açores com passagem paga pelo ex-portista Bosingwa, deixou-o sem uma perna e impediu-o de fazer aquilo de que mais gosta(va): jogar futebol. Três anos depois do infortúnio lhe ter batido à porta, Sandro Borges já tem os olhos postos em Londres. Motivo: quer ser campeão paralímpico em 2012.
Por Jorge Queirós
Condenado em 2005 a um futuro mais do que incerto, quando teve de amputar o pé esquerdo, vítima de um acidente de viação na Auto-estrada 4, entre Porto e Vila Real, ao lado do «internacional» português Bosingwa, Sandro Borges tomou as rédeas do destino e, já com 24 anos, só pensa mesmo em ser campeão nos Jogos Paralímpicos de Londres. Com a camisola da Selecção Nacional vestida.
“Não treino todos os dias de manhã e à tarde por acaso”, confessa o jogador formado nas camadas jovens do Boavista, disposto a “levar muito a sério” a corrida por uma presença na capital britânica, em 2012.
“Quero ser campeão olímpico”, diz mesmo Sandro Borges, com a convicção de quem já ganhou um Campeonato: o da força de viver, aos 20 anos, quando ainda sonhava ser profissional de futebol e seguir as pisadas de Bosingwa.
Depois do “choque” que foi ficar sem o pé esquerdo, aquele que tantas alegrias lhe deu nas camadas jovens do emblema do Bessa e, já sénior, no Ermesinde e n’Os Minhocas, dos Açores, o jovem avançado nunca teve dúvidas que a única solução era “reagir” e “pôr os pés a um outro caminho” que se lhe abrisse.
“Sou um coitadinho apenas porque não tenho uma perna?”, questiona-se retoricamente Sandro Borges, para, sem perder tempo, dar a resposta, preparada na ponta da língua: “Não tenho uma perna, mas estou cheio de força e de saúde. O mundo pode ver-me como um coitadinho, e a todos os outros que, por qualquer azar de vida, ficaram deficientes, mas eu não me sinto assim”.
Mais: “Mesmo sem um pé, acho que faço hoje mais coisas do que fazia quando tinha os dois, menos jogar futebol profissional”. Portanto, remata a ex-promessa do futebol português, “detesto que me chamem coitadinho. Se o fosse, não ia para a discoteca de muletas, ou de prótese, e também não andava na rua de calções”.
Corajoso quanto baste, Sandro Borges cedo também percebeu que tinha de não apenas combater a tristeza que de si havia tomado conta, mas também descobrir uma actividade que lhe compensasse a falta de… exercício físico. “Estava a dar em louco. Não a queixar-me da vida, mas por força da ansiedade que tinha. Precisava de fazer alguma coisa, para conseguir dormir. Pior do que tirar a perna, foi mesmo conseguir dormir”, relembra.
E explica: “O mais difícil era a noite. Tinha o sonho de ser profissional de futebol e acho que, nos primeiros tempos, joguei em todos os grandes clubes do Mundo. Em sonho. Sonhava, sonhava, sonhava”. Solução, paliativa: “Fui a um psiquiatra”.
Quatro anos volvidos, Sandro Borges conta que o profissional na área da saúde mental o aconselhou “a uma dose de medicamentos que, pura o simplesmente”, o iam deixar “sedado”. Para “aguentar tudo”, diz, em tom jocoso. Rejeitou.
“O que disse ao psiquiatra foi que a única coisa de que precisava era ficar cansado”, lembra. Objectivo: dormir. Sem sonhar. “Se me cansasse de dia, iria, com certeza, ter um sono mais pesado e não sonharia tanto”. Remédio santo.
Sem uma perna, mas com saúde para «dar e vender», começou a treinar-se bidiariamente numa cadeia de ginásios em Gaia e a ser acompanhado por um especialista em «coaching», técnica que consiste em transformar intenções em acções, através de um processo que alimenta, do ponto de vista neurológico, os valores do «coachee». Os sonhos desapareceram.
Ou melhor, os sonhos irrealizáveis. Hoje, a natureza do que sonha é (bem) diferente. E à distância de quatro anos. “Gostava de criar uma Associação de Amputados em Portugal, mas o maior sonho é mesmo participar nos Jogos Paralímpicos e ser campeão em ciclismo”, reafirma Sandro Borges, já adaptado às próteses especialmente concebidas na Holanda. Por medida.
Aliás, Sandro é mesmo uma espécie de cobaia da marca que fornece os mais conhecidos desportistas deficientes, como o sul-africano Oscar Pistorius, que, mesmo sem duas pernas, quis correr os 400 metros nos Jogos Olímpicos de Pequim.
“Não há lançamento internacional de novos materiais sem antes eu os experimentar”, sublinha, acrescentando que, no início, “os técnicos holandeses ficavam surpreendidos” com o facto de o antigo futebolista ter “partido algumas próteses”. Não que o material fosse deficiente, mas antes pela “força… de vontade” que Sandro Borges em cada exercício punha com o objectivo confesso de um dia atingir a glória que uma rasteira da vida não quis que fosse a fazer aquilo de que mais sente falta: a bola. De futebol.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Do ciclismo ao pugilismo
A preparar a corrida aos Jogos Paralímpicos de Londres, Sandro Borges não só mantém os músculos das pernas em forma, como também os dos braços. E dos punhos. Fã do pugilismo, o ex-futebolista não raras vezes participa em torneios amadores. “Quem treina tem de ter um objectivo. Quem treina por treinar acaba por se desmotivar”, defende Sandro, decidido a vestir a pele de «boxeur» enquanto “tiver prazer” no que faz, para se “manter em forma” e “aliviar algum do stresse acumulado no quotidiano”. A outra actividade em que está envolvido permite-lhe continuar a… cheirar o balneário. No início da época 2008/2009, um inesperado convite para fazer parte da equipa técnica do Canidelo, a militar na Divisão de Honra da AF Porto, reabriu-lhe as portas do futebol, mas agora com as funções de treinador-adjunto. “Para mim, é importante, porque me permite manter o contacto com o balneário e com os relvados, mas não penso, para já, em ser treinador”, esclarece.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Vídeo universitário: Grande Prémio do Júri para filme israelita
O filme israelita «Roads» conquistou o mais alto galardão do Festival Internacional de Vídeo Universitário (U.Frame), que teve lugar, de 1 a 5, na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto.
O Grande Prémio do Júri do U.Frame, organizado pela Faculdade de Letra da Universidade do Porto, em parceria com a Universidade da Corunha, foi entregue ao filme de ficção «Roads», do realizador Lior Geller, da Universidade de Tel-Aviv (Israel).
Já «Dunkelrot/Dark Red», de Frauke Thielecke, da Hamburg Media School, da Alemanha, arrebatou o prémio relativo ao filme de Melhor Ficção.
Os portugueses também foram premiados na primeira edição do Festival Internacional de Vídeo Universitário, com «Alkhass» e «15 Frames», dos realizadores Vasco Portugal e Rui Coelho, respectivamente, a serem distinguidos com os troféus para Melhor Experimental e Media Light.
Marianela Vega Oroza, da Universidade de Austin (EUA), trouxe ao Porto «Conversation II», galardoado com o Prémio Melhor Documentário. Na categoria de animação, «Solos», de David Cobos Diaz, da Escola Profissional de Novas Tecnologias (Espanha), levou a melhor sobre todos as outras películas.
Por fim, o Prémio Público coube a «Red Wednesday», de Nazanin Shiraz, da Universidade de Austin.
O Grande Prémio do Júri do U.Frame, organizado pela Faculdade de Letra da Universidade do Porto, em parceria com a Universidade da Corunha, foi entregue ao filme de ficção «Roads», do realizador Lior Geller, da Universidade de Tel-Aviv (Israel).
Já «Dunkelrot/Dark Red», de Frauke Thielecke, da Hamburg Media School, da Alemanha, arrebatou o prémio relativo ao filme de Melhor Ficção.
Os portugueses também foram premiados na primeira edição do Festival Internacional de Vídeo Universitário, com «Alkhass» e «15 Frames», dos realizadores Vasco Portugal e Rui Coelho, respectivamente, a serem distinguidos com os troféus para Melhor Experimental e Media Light.
Marianela Vega Oroza, da Universidade de Austin (EUA), trouxe ao Porto «Conversation II», galardoado com o Prémio Melhor Documentário. Na categoria de animação, «Solos», de David Cobos Diaz, da Escola Profissional de Novas Tecnologias (Espanha), levou a melhor sobre todos as outras películas.
Por fim, o Prémio Público coube a «Red Wednesday», de Nazanin Shiraz, da Universidade de Austin.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O que é o ciberjornalismo
A imparável expansão da Internet e o descomunal crescimento de publicações online deram origem, quase duas décadas depois do seu aparecimento, a um tão consensual quanto promissor novo género de jornalismo, aquilo a que os académicos e investigadores chamam de ciberjornalismo, ou jornalismo digital.
Depois da Imprensa, da Rádio e da Televisão, surge agora um quarto género de jornalismo, intrinsecamente associado às novas tecnologias, capaz de «pôr em sentido» os velhos meios, mais do que consolidados no espectro comunicacional global.
Nascido com o advento da Internet, o ciberjornalismo distingue-se do jornalismo tradicional por três características que nenhum outro meio havia concentrado em si: a multimedialidade, a hipertextualidade e a interactividade.
Depois de uma fase em que as empresas de Comunicação Social aderiram palidamente à Web, apenas como forma de veicularem conteúdos a baixos custos de produção – Mann defende mesmo que os jornais estavam online porque tinham medo de não estar –, o jornalismo digital tem vindo a tirar partido dos seus recursos intrínsecos para se colocar numa posição privilegiada no âmbito do universo do jornalismo.
Ao ponto de estar a questionar convenções jornalísticas e de já ter dado nome a um novo género de jornalista: o ciberjornalista, aquele que faz jornalismo em exclusivo na e para a World Wide Web.
O jornalismo digital tem vindo a crescer de mão dada com a Internet. Numa primeira fase, os jornalistas limitavam-se a, pura e simplesmente, «despejar» conteúdos noticiosos para os sites provenientes dos meios tradicionais. Depois, os jornalistas passaram a criar conteúdo próprio enriquecido com hiperligações e outras ferramentas interactivas, e, mais tarde, na fase que ainda agora se atravessa, o conteúdo informativo original passou a ser pensado exclusivamente para a Web.
Bill Gates foi um dos que defendeu que “sempre que um novo meio de comunicação é criado, os primeiros conteúdos oferecidos são provenientes de outro meio de comunicação”. E assim foi, de facto. Nos primórdios, Hoje, a maioria dos media já não se limitará à passagem dos conteúdos dos meios impressos para o formato na Web, cuja prática ficou conhecida como «shovelware».
Nem tampouco a servirem-se da oferta digital para meros repositórios dos «media» tradicionais, com a esmagadora maioria dos jornais online a tirarem proveito de uma das imbatíveis vantagens da Web: a actualização das notícias. As excepções? Confirma a regra…
A personalização é outra das qualidades típicas do novo género de jornalismo, com autores como Nicholas Negroponte a dar conta da existência de jornais personalizados a cuja modalidade apelidou de «Daily Me» (Diário de Mim), um conceito que consiste na recepção por parte do utilizador do ciberespaço dos artigos apenas pretendidos por si. A metáfora de Bender, segundo a qual o jornalista deve, por um lado, saber «pescar» o peixe certo e, por outro, saber «cozinhá-lo» para abrir o apetite ao leitor, tem todo o cabimento quando em causa está contextualizar a informação em função do perfil de cada utilizador.
Se, no passado, os jornais se debatiam com falta de informação, hoje a realidade é bem diferente. O manancial de informação disponível no ciberespaço leva mesmo alguns autores a advogarem a evolução do jornalismo tradicional para um papel não de envio de mensagens para a audiência, mas antes de orientação do leitor. Ou seja, como profetiza Hélder Bastos, “a ênfase evoluirá do conteúdo para o contexto”.
Marca distintiva do jornalismo digital é também a interacção entre repórteres e audiência. Online é, por natureza, bidireccional. O envolvimento do leitor no mundo digital pode, no entanto, trazer alguns constrangimentos ao ciberjornalista, caso este passe a estar mais preocupado com o leitor do que com a sua verdadeira função.
Em ciberjornalismo, escrever não significa apenas produzir um texto. Segundo Hélder Bastos, passa antes por “explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa estória de modo a permitir a exploração da característica-chave do novo medium: a convergência”.
A narrativa hipermédia está ainda longe de ter atingido a maioridade, mas, como afirma Levy, “estará seguramente mais próxima da montagem de um espectáculo do que da redacção clássica”, assente no paradigma da pirâmide invertida, já ameaçada no contexto digital por um modelo que João Canavilhas define como pirâmide deitada. Ou seja, textos lineares e estáticos versus textos não-lineares e interactivos.
A escrita para os novos meios é, provavelmente, o aspecto que mais separa os jornalistas digitais dos tradicionais e aquele que terá ainda de percorrer o mais longo caminho até uma definição rigorosa da narrativa digital. Afinal, é só mais uma ruptura trazida pela emergência do quarto género de jornalismo, que contrasta com o tradicional na actualização noticiosa contínua, no acesso global à informação, na reportagem instantânea e na personalização dos conteúdos.
prisma.cetac.up.pt/ciberjornalismo e narrativa hipermedia
Depois da Imprensa, da Rádio e da Televisão, surge agora um quarto género de jornalismo, intrinsecamente associado às novas tecnologias, capaz de «pôr em sentido» os velhos meios, mais do que consolidados no espectro comunicacional global.
Nascido com o advento da Internet, o ciberjornalismo distingue-se do jornalismo tradicional por três características que nenhum outro meio havia concentrado em si: a multimedialidade, a hipertextualidade e a interactividade.
Depois de uma fase em que as empresas de Comunicação Social aderiram palidamente à Web, apenas como forma de veicularem conteúdos a baixos custos de produção – Mann defende mesmo que os jornais estavam online porque tinham medo de não estar –, o jornalismo digital tem vindo a tirar partido dos seus recursos intrínsecos para se colocar numa posição privilegiada no âmbito do universo do jornalismo.
Ao ponto de estar a questionar convenções jornalísticas e de já ter dado nome a um novo género de jornalista: o ciberjornalista, aquele que faz jornalismo em exclusivo na e para a World Wide Web.
O jornalismo digital tem vindo a crescer de mão dada com a Internet. Numa primeira fase, os jornalistas limitavam-se a, pura e simplesmente, «despejar» conteúdos noticiosos para os sites provenientes dos meios tradicionais. Depois, os jornalistas passaram a criar conteúdo próprio enriquecido com hiperligações e outras ferramentas interactivas, e, mais tarde, na fase que ainda agora se atravessa, o conteúdo informativo original passou a ser pensado exclusivamente para a Web.
Bill Gates foi um dos que defendeu que “sempre que um novo meio de comunicação é criado, os primeiros conteúdos oferecidos são provenientes de outro meio de comunicação”. E assim foi, de facto. Nos primórdios, Hoje, a maioria dos media já não se limitará à passagem dos conteúdos dos meios impressos para o formato na Web, cuja prática ficou conhecida como «shovelware».
Nem tampouco a servirem-se da oferta digital para meros repositórios dos «media» tradicionais, com a esmagadora maioria dos jornais online a tirarem proveito de uma das imbatíveis vantagens da Web: a actualização das notícias. As excepções? Confirma a regra…
A personalização é outra das qualidades típicas do novo género de jornalismo, com autores como Nicholas Negroponte a dar conta da existência de jornais personalizados a cuja modalidade apelidou de «Daily Me» (Diário de Mim), um conceito que consiste na recepção por parte do utilizador do ciberespaço dos artigos apenas pretendidos por si. A metáfora de Bender, segundo a qual o jornalista deve, por um lado, saber «pescar» o peixe certo e, por outro, saber «cozinhá-lo» para abrir o apetite ao leitor, tem todo o cabimento quando em causa está contextualizar a informação em função do perfil de cada utilizador.
Se, no passado, os jornais se debatiam com falta de informação, hoje a realidade é bem diferente. O manancial de informação disponível no ciberespaço leva mesmo alguns autores a advogarem a evolução do jornalismo tradicional para um papel não de envio de mensagens para a audiência, mas antes de orientação do leitor. Ou seja, como profetiza Hélder Bastos, “a ênfase evoluirá do conteúdo para o contexto”.
Marca distintiva do jornalismo digital é também a interacção entre repórteres e audiência. Online é, por natureza, bidireccional. O envolvimento do leitor no mundo digital pode, no entanto, trazer alguns constrangimentos ao ciberjornalista, caso este passe a estar mais preocupado com o leitor do que com a sua verdadeira função.
Em ciberjornalismo, escrever não significa apenas produzir um texto. Segundo Hélder Bastos, passa antes por “explorar todos os formatos possíveis a ser utilizados numa estória de modo a permitir a exploração da característica-chave do novo medium: a convergência”.
A narrativa hipermédia está ainda longe de ter atingido a maioridade, mas, como afirma Levy, “estará seguramente mais próxima da montagem de um espectáculo do que da redacção clássica”, assente no paradigma da pirâmide invertida, já ameaçada no contexto digital por um modelo que João Canavilhas define como pirâmide deitada. Ou seja, textos lineares e estáticos versus textos não-lineares e interactivos.
A escrita para os novos meios é, provavelmente, o aspecto que mais separa os jornalistas digitais dos tradicionais e aquele que terá ainda de percorrer o mais longo caminho até uma definição rigorosa da narrativa digital. Afinal, é só mais uma ruptura trazida pela emergência do quarto género de jornalismo, que contrasta com o tradicional na actualização noticiosa contínua, no acesso global à informação, na reportagem instantânea e na personalização dos conteúdos.
prisma.cetac.up.pt/ciberjornalismo e narrativa hipermedia
terça-feira, 27 de maio de 2008
Mais uma razão para ouvir (e ver) a TSF
A TSF também mudou. O site. Com o novo grafismo e a casa melhor arrumada, a rádio que mudou a Rádio parece também disposta a mudar a forma como os meios tradicionais, mormente as outras rádios, vêem a sua presença no ciberespaço.
Finalmente, o áudio e o vídeo ganham terreno ao carácter. Mais uma razão para ouvir, vulgo, ver a TSF.
Finalmente, o áudio e o vídeo ganham terreno ao carácter. Mais uma razão para ouvir, vulgo, ver a TSF.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
«A Bola» mudou
Uma bola diferente está nos escaparates. Com um novo grafismo e (bem) mais arrumada, «A Bola» evoluiu. Positivamente.
Segue-se o site?...
Segue-se o site?...
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Feira fechada
O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, quer levar a próxima Feira do Livro para a Avenida dos Aliados. Motivo: o Pavilhão Rosa Mota, no Palácio de Cristal, vai entrar em obras. Mais do necessárias, diga-se.
Mas necessário seria também fixar um horário de funcionamento da feira que acautelasse os dias feriados. Não é compreensível que, um dia depois da abertura do evento, as portas do Pavilhão Rosa Mota apenas abrissem às 15h30.
Como eu, outros se deslocaram ao palácio na manhã do feriado para poder visitar a Feira do Livro e bateram com o nariz na porta. Inadmissível. Ou não.
Afinal, não é em Portugal que os museus estão fechados no dia em que provavelmente mais visitas receberiam: ao domingo?!
Mas necessário seria também fixar um horário de funcionamento da feira que acautelasse os dias feriados. Não é compreensível que, um dia depois da abertura do evento, as portas do Pavilhão Rosa Mota apenas abrissem às 15h30.
Como eu, outros se deslocaram ao palácio na manhã do feriado para poder visitar a Feira do Livro e bateram com o nariz na porta. Inadmissível. Ou não.
Afinal, não é em Portugal que os museus estão fechados no dia em que provavelmente mais visitas receberiam: ao domingo?!
terça-feira, 20 de maio de 2008
Estatuto Disciplinar dos Jornalistas pronto
A Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas já tem pronto o Estatuto Disciplinar dos Jornalistas.
Ao contrário do que alguns possam pensar, os jornalistas não estão acima da lei e também cometem erros, que, em caso de serem dolosamente premeditados, devem ser sancionados. Com suspensão do exercício da actividade profissional. Temporária ou definitiva.
Só não entendo o alcance de impedir o profissional com carteira profissional de participar na apresentação de concursos ou passatempos.
E também acho que o Estatuto Disciplinar devia afunilar o âmbito das sanções, com um espírito tão abrangente que permite mais do que uma interpretação. Indesejável.
Ao contrário do que alguns possam pensar, os jornalistas não estão acima da lei e também cometem erros, que, em caso de serem dolosamente premeditados, devem ser sancionados. Com suspensão do exercício da actividade profissional. Temporária ou definitiva.
Só não entendo o alcance de impedir o profissional com carteira profissional de participar na apresentação de concursos ou passatempos.
E também acho que o Estatuto Disciplinar devia afunilar o âmbito das sanções, com um espírito tão abrangente que permite mais do que uma interpretação. Indesejável.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Chamem a polícia
A subcomissão de trabalhadores da RTP/Porto pediu à administração da empresa que garanta, junto das instâncias competentes, a segurança dos jornalistas no desempenho
das suas funções no exterior.
Na carta que enviou à administração da RTP, a subcomissão de trabalhadores "repudia veementemente" o que aconteceu junto ao Estádio do Dragão, quando se verificou "o uso da violência sobre jornalistas da RDP e de intimidação sobre a equipa de reportagem da RTP".
Fonte da subcomissão de trabalhadores da RTP/Porto garantiu que, na passada sexta-feira, uma jornalista da RDP foi "abordada por indivíduos e agredida", sendo que um colega que lhe tentou prestar auxílio também acabou por ser agredido.
A equipa de reportagem da RTP que se encontrava no local "foi intimidada" e viu-se obrigada a abandonar o local sem realizar o directo que estava previsto para aquela hora.
A subcomissão "solidariza-se" ainda com os colegas visados.
O dia 9 de Maio ficou marcado pela divulgação dos castigos aplicados no âmbito do «Apito Final», por coação e corrupção de árbitros na temporada 2002/2003, no qual foram particularmente visados Boavista e FC Porto.
das suas funções no exterior.
Na carta que enviou à administração da RTP, a subcomissão de trabalhadores "repudia veementemente" o que aconteceu junto ao Estádio do Dragão, quando se verificou "o uso da violência sobre jornalistas da RDP e de intimidação sobre a equipa de reportagem da RTP".
Fonte da subcomissão de trabalhadores da RTP/Porto garantiu que, na passada sexta-feira, uma jornalista da RDP foi "abordada por indivíduos e agredida", sendo que um colega que lhe tentou prestar auxílio também acabou por ser agredido.
A equipa de reportagem da RTP que se encontrava no local "foi intimidada" e viu-se obrigada a abandonar o local sem realizar o directo que estava previsto para aquela hora.
A subcomissão "solidariza-se" ainda com os colegas visados.
O dia 9 de Maio ficou marcado pela divulgação dos castigos aplicados no âmbito do «Apito Final», por coação e corrupção de árbitros na temporada 2002/2003, no qual foram particularmente visados Boavista e FC Porto.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Sindicato a reboque
Cinco dias depois das ameaças, tentativas e agressões aos profissionais de Comunicação Social nos estádios do Bessa e do Dragão, o Sindicato dos Jornalistas vem repudiar a "violência exercida" e exigir à Entidade Regularadora para a Comunicação Social, a Boavista e FC Porto uma "averiguação às agressões" ocorridas no dia 9.
Louvável. Pena que a posição do Sindicato de todos os jornalistas peque por tardia. E seja tomada a reboque de posições assumidas por profissionais da Comunicação no ciberespaço...
Louvável. Pena que a posição do Sindicato de todos os jornalistas peque por tardia. E seja tomada a reboque de posições assumidas por profissionais da Comunicação no ciberespaço...
terça-feira, 13 de maio de 2008
A excepção confirma a regra
Pergunta retórica: o Sol, quando nasce, não é para todos? Já agora: e a proibição de fumar a bordo de aviões?!
sábado, 10 de maio de 2008
Marco António Costa candidato à liderança do PSD/Gaia
Marco António Costa, vice-presidente da Câmara de Gaia, vai candidatar-se à liderança da Comissão Política Concelhia do PSD/Gaia, nas eleições marcadas para o dia 31, precisamente o mesmo em que se realizam as directas nos sociais-democratas.
Segundo conseguiu apurar o AUDIÊNCIA junto de fonte da actual Comissão Política, o também líder da Distrital do Porto irá formalizar a candidatura ao cargo ocupado por Luís Filipe Menezes, que, eleito já por três mandatos, não pode candidatar-se, à luz dos regulamentos.
Já o ainda líder da Concelhia «laranja» deve ser candidato ao cargo actualmente ocupado por César Oliveira, que desempenha as funções de presidente da mesa do plenário social-democrata em Gaia.
Presidente e vice-presidente da Câmara parecem assim dispostos a manter a parceria autárquica na Concelhia, à qual Firmino Pereira, vereador com o pelouro das Obras Municipais, Educação e Juventude, já tinha manifestado vontade de regressar na qualidade de líder da Comissão Política, cujo cargo, aliás, já exercera.
A realização de eleições antecipadas – o mandato só termina(va) em Outubro – foi decidida na reunião da Comissão Política do PSD havida em Gaia, presidida por Luís Filipe Menezes.
Contactado pelo AUDIÊNCIA, César Oliveira, presidente da mesa, confirmou a antecipação do acto eleitoral para o último dia do mês de Maio, com o objectivo de fazer coincidir as eleições em Gaia com a realização das directas nacionais, também convocadas por Menezes, que se demitiu seis meses depois de ter sido pela primeira vez eleito presidente do partido.
Segundo conseguiu apurar o AUDIÊNCIA junto de fonte da actual Comissão Política, o também líder da Distrital do Porto irá formalizar a candidatura ao cargo ocupado por Luís Filipe Menezes, que, eleito já por três mandatos, não pode candidatar-se, à luz dos regulamentos.
Já o ainda líder da Concelhia «laranja» deve ser candidato ao cargo actualmente ocupado por César Oliveira, que desempenha as funções de presidente da mesa do plenário social-democrata em Gaia.
Presidente e vice-presidente da Câmara parecem assim dispostos a manter a parceria autárquica na Concelhia, à qual Firmino Pereira, vereador com o pelouro das Obras Municipais, Educação e Juventude, já tinha manifestado vontade de regressar na qualidade de líder da Comissão Política, cujo cargo, aliás, já exercera.
A realização de eleições antecipadas – o mandato só termina(va) em Outubro – foi decidida na reunião da Comissão Política do PSD havida em Gaia, presidida por Luís Filipe Menezes.
Contactado pelo AUDIÊNCIA, César Oliveira, presidente da mesa, confirmou a antecipação do acto eleitoral para o último dia do mês de Maio, com o objectivo de fazer coincidir as eleições em Gaia com a realização das directas nacionais, também convocadas por Menezes, que se demitiu seis meses depois de ter sido pela primeira vez eleito presidente do partido.
Posse com cravos de Eduardo Vítor
Foi um discurso carregado de simbolismo aquele que Eduardo Vítor Rodrigues proferiu no dia da tomada de posse como líder da Comissão Política Concelhia do PS/Gaia, com referências explícitas aos valores plasmados na Revolução dos Cravos e com censura velada ao ambiente político-partidário que se vive(u) no terceiro maior concelho do País.
Mas também se ouviu, por entre aplausos e vivas ao PS, duras críticas ao estilo de liderança do presidente da Câmara, de quem “os gaienses estão a ficar fartos”.
Claramente, acusou mesmo, na Assembleia Municipal, o reeleito presidente do partido «rosa» em Gaia, merecedor de 13 ovações, a últimas das quais em pé, quando se despediu com uma espécie de grito de Ipiranga: “Viva o PS”.
Reeleito pela segundo mandato consecutivo presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Gaia, sem oposição, contrariamente ao que acontecera em 2006, quando teve de discutir a liderança com Gustavo Carranca, Eduardo Vítor Rodrigues marcou simbolicamente a tomada de posse para o dia em que se assinalava os 34 anos da revolução que pôs fim ao regime opressor e totalitário em Portugal.
Como dizia António Oliveira Salazar, tudo o que em política parece é. Não por acaso, também a cerimónia que deu posse à Comissão Política Concelhia socialista não pareceu apenas uma iniciativa para juntar a família socialista de Gaia, ou para lembrar, candidamente, os ideais de Abril, mas também uma (in)equívoca oportunidade para o PS abrir definitivamente as hostilidades com vista às Eleições Autárquicas de 2009.
Quando Eduardo Vítor Rodrigues deixou claro a uma plateia que ocupava todos os lugares da Assembleia Municipal que estava “diante da equipa que vai devolver a Gaia os valores da tolerância e da credibilidade na gestão autárquica que o PS simboliza”, o primeiro aplauso ao recém-empossado líder não tardou.
Depois de defender que “relembrar Abril não é um ritual”, mas “uma exigência de reforço de valores e de ideais que nunca se alcançam”, ainda que se aperfeiçoem, o líder da Comissão Política Concelhia garantiu que “a Democracia não se conquista, exerce-se e pratica-se no dia-a-dia”. Isto para dizer que, “por detrás de muitos ‘a prioris’ da conquista da Democracia, muitos pequenos ditadores vão fazendo deste País um condado de totalitarismos e de intolerâncias”.
Em Gaia, não se deteve mesmo, “alguns pequenos demagogos são o alerta para as consciências de quem acredita na Democracia contra o lobismo e a coacção na vida política local”.
Para Eduardo Vítor, “melhorar a Democracia é, afinal, promover e reforçar o Poder Local. Gaia quer ser o arauto de um Poder Local renovado, competente e rigoroso”, no qual “não cabe nem o miserabilismo, nem a presunção” e “a coacção e a chantagem cedem lugar ao diálogo e à tolerância democrática”.
À imagem do senador democrata Barack Obama, também Eduardo Vítor acredita que traz “futuro ao PS/Gaia”. E mais: também acredita que “o futuro se começa a construir desde já”, ancorado num “novo PS em Gaia, que motive o eleitorado”. Afinal, “não haverá razões em nós próprios para que os gaienses dêem 60 por cento ao PS nas Legislativas e invertam a votação nas Autárquicas municipais?”. A pergunta, retórica, nem precisou de resposta…
Mais ainda: o PS não tem “desculpas para, neste momento do actual presidente da Câmara”, não dar “aos gaienses uma nova esperança no PS/Gaia”.
O presidente da Comissão Política do partido «rosa» também reconheceu que “existe alguma obra relevante”, mas com “a marca de Governos socialistas que nunca ostracizaram Gaia como a Câmara ostraciza as Juntas do PS”. E não só: “O poder laranja no município tem 10 anos de betão, descurando as pessoas e a qualidade de vida dos gaienses”.
O mote estava dado. À quarta salva de palmas, Eduardo Vítor endureceu o discurso, sempre com o mesmo denominador comum: a Câmara. Primeiro ponto: “Esta Câmara não tem equipa – apenas um conjunto de pessoas maioritariamente incompetentes – e está a assistir impávida a um autêntico ninho de vespas que é a vereação, onde ninguém se entende e onde poucos trabalham e muitos conspiram”.
Segundo: “A mesma Câmara que asfixia as Juntas de Freguesia e desprestigia a Assembleia Municipal tem permitido a proliferação de ‘boys’ incompetentes na Câmara e nas Empresas Municipais e destruído muitas associações e instituições concelhias”.
Terceiro: “A Câmara que prometeu muito às populações afectadas pelo aterro sanitário não lhes deu nada. Esteve atenta a equipamentos mediáticos, importantes, mas de duvidosa prioridade, deixando-se passar ao lado do debate sobre temas fundamentais, como o Metro, ou a prioridade de equipamentos fundamentais de qualidade de vida, como o novo hospital”.
«Last but not least»: “A mesma Câmara que despreza os moradores da Serra da Escarpa venera o urbanismo e o imobiliário”. Ou seja, é preciso “dizer ao Dr. Menezes que se nota que ele está farto de Gaia e dos gaienses, mas também se nota claramente que os gaienses estão a ficar fartos dele”.
Mas também se ouviu, por entre aplausos e vivas ao PS, duras críticas ao estilo de liderança do presidente da Câmara, de quem “os gaienses estão a ficar fartos”.
Claramente, acusou mesmo, na Assembleia Municipal, o reeleito presidente do partido «rosa» em Gaia, merecedor de 13 ovações, a últimas das quais em pé, quando se despediu com uma espécie de grito de Ipiranga: “Viva o PS”.
Reeleito pela segundo mandato consecutivo presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Gaia, sem oposição, contrariamente ao que acontecera em 2006, quando teve de discutir a liderança com Gustavo Carranca, Eduardo Vítor Rodrigues marcou simbolicamente a tomada de posse para o dia em que se assinalava os 34 anos da revolução que pôs fim ao regime opressor e totalitário em Portugal.
Como dizia António Oliveira Salazar, tudo o que em política parece é. Não por acaso, também a cerimónia que deu posse à Comissão Política Concelhia socialista não pareceu apenas uma iniciativa para juntar a família socialista de Gaia, ou para lembrar, candidamente, os ideais de Abril, mas também uma (in)equívoca oportunidade para o PS abrir definitivamente as hostilidades com vista às Eleições Autárquicas de 2009.
Quando Eduardo Vítor Rodrigues deixou claro a uma plateia que ocupava todos os lugares da Assembleia Municipal que estava “diante da equipa que vai devolver a Gaia os valores da tolerância e da credibilidade na gestão autárquica que o PS simboliza”, o primeiro aplauso ao recém-empossado líder não tardou.
Depois de defender que “relembrar Abril não é um ritual”, mas “uma exigência de reforço de valores e de ideais que nunca se alcançam”, ainda que se aperfeiçoem, o líder da Comissão Política Concelhia garantiu que “a Democracia não se conquista, exerce-se e pratica-se no dia-a-dia”. Isto para dizer que, “por detrás de muitos ‘a prioris’ da conquista da Democracia, muitos pequenos ditadores vão fazendo deste País um condado de totalitarismos e de intolerâncias”.
Em Gaia, não se deteve mesmo, “alguns pequenos demagogos são o alerta para as consciências de quem acredita na Democracia contra o lobismo e a coacção na vida política local”.
Para Eduardo Vítor, “melhorar a Democracia é, afinal, promover e reforçar o Poder Local. Gaia quer ser o arauto de um Poder Local renovado, competente e rigoroso”, no qual “não cabe nem o miserabilismo, nem a presunção” e “a coacção e a chantagem cedem lugar ao diálogo e à tolerância democrática”.
À imagem do senador democrata Barack Obama, também Eduardo Vítor acredita que traz “futuro ao PS/Gaia”. E mais: também acredita que “o futuro se começa a construir desde já”, ancorado num “novo PS em Gaia, que motive o eleitorado”. Afinal, “não haverá razões em nós próprios para que os gaienses dêem 60 por cento ao PS nas Legislativas e invertam a votação nas Autárquicas municipais?”. A pergunta, retórica, nem precisou de resposta…
Mais ainda: o PS não tem “desculpas para, neste momento do actual presidente da Câmara”, não dar “aos gaienses uma nova esperança no PS/Gaia”.
O presidente da Comissão Política do partido «rosa» também reconheceu que “existe alguma obra relevante”, mas com “a marca de Governos socialistas que nunca ostracizaram Gaia como a Câmara ostraciza as Juntas do PS”. E não só: “O poder laranja no município tem 10 anos de betão, descurando as pessoas e a qualidade de vida dos gaienses”.
O mote estava dado. À quarta salva de palmas, Eduardo Vítor endureceu o discurso, sempre com o mesmo denominador comum: a Câmara. Primeiro ponto: “Esta Câmara não tem equipa – apenas um conjunto de pessoas maioritariamente incompetentes – e está a assistir impávida a um autêntico ninho de vespas que é a vereação, onde ninguém se entende e onde poucos trabalham e muitos conspiram”.
Segundo: “A mesma Câmara que asfixia as Juntas de Freguesia e desprestigia a Assembleia Municipal tem permitido a proliferação de ‘boys’ incompetentes na Câmara e nas Empresas Municipais e destruído muitas associações e instituições concelhias”.
Terceiro: “A Câmara que prometeu muito às populações afectadas pelo aterro sanitário não lhes deu nada. Esteve atenta a equipamentos mediáticos, importantes, mas de duvidosa prioridade, deixando-se passar ao lado do debate sobre temas fundamentais, como o Metro, ou a prioridade de equipamentos fundamentais de qualidade de vida, como o novo hospital”.
«Last but not least»: “A mesma Câmara que despreza os moradores da Serra da Escarpa venera o urbanismo e o imobiliário”. Ou seja, é preciso “dizer ao Dr. Menezes que se nota que ele está farto de Gaia e dos gaienses, mas também se nota claramente que os gaienses estão a ficar fartos dele”.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
«Não» ao (des)acordo ortográfico
Assine aqui a petição que está a correr no ciberespaço para ser entregue aos poderes políticos portugueses com vista à não aprovação do novo Acordo Ortográfico
sexta-feira, 2 de maio de 2008
O que é o Jornalismo Assistido por Computador
Substituto da máquina de escrever, o computador veio trazer profundas alterações no seio das redacções, nomeadamente em termos de produção e difusão de textos. O Jornalismo Assistido por Computador (JAC) reflecte assim as inovações provocadas pelo acesso dos profissionais de Comunicação Social ao computador, que teve o condão de não apenas agilizar o processo de criação narrativa, como também a forma como se arquivam os trabalhos profissionais.
Quem se cruzou com as máquinas de escrever nas redacções, que ainda persistiam em ambiente de jornal no início da década de 90 – o primeiro jornal informatizado do País foi o já extinto decano da Imprensa nacional «O Comércio do Porto» – sabe (muito) bem dar valor à introdução dos computadores como ferramenta indispensável na prática e rotina jornalísticas.
De facto, à imagem do telégrafo, ou, mais tarde, do telefone, o computador tem um papel fundamental, vulgo, insubstituível na forma como se faz jornalismo, permitindo aos profissionais do ramo aceder a uma série de instrumentos que, há 20 anos, pura e simplesmente, eram assegurados de maneira deficiente pelo próprio jornalista, como o improvisado banco de notícias que publicava, ou, por exemplo, que eram publicadas sobre um tema que estivesse a tratar.
Mais de dois séculos volvidos, a realidade é bem diferente. E o salto foi verdadeiramente de gigante. É inconcebível nos tempos que correm uma redacção não ter um arquivo digital que sirva de apoio ao jornalista quando está a produzir textos noticiosos.
Ou seja, se o Jornalismo Assistido por Computador trouxe algum valor ao jornalismo – e é indiscutível que trouxe –, o rigor foi um deles. Ou, como se diz entre os académicos e investigadores, a precisão. Mas trouxe mais. A massificação do computador no processo de produção noticiosa também alterou as rotinas dos jornalistas. E de que maneira.
Se, há 20 anos, o profissional de Comunicação Social não dispensava o telefone ou a necessidade de sair para a rua – uma prática a cair em desuso e pouco incentivada nas redacções (escassez de recursos financeiros «oblige») – para reunir informação, os neófitos jornalistas dos tempos modernos não prescindem é do computador como fonte privilegiada de recolha de notícias.
“O computador, por si, representa já um instrumento extraordinário de fazer Jornalismo, mas um computador ligado à Internet será cada vez mais imprescindível na profissão”, sentencia mesmo Joaquim Fidalgo, ex-jornalista com larga experiência e professor universitário na Universidade do Minho.
Para o autor do livro «Jornalista em Construção», acabado de chegar aos escaparates, “um computador, em rede, acede a fontes de informação, diversas e longínquas, que contextualizam as informações obtidas de fontes directas e próximas. Receber notícias directamente das agências noticiosas, buscar informação na Internet é algo trivial que um computador possibilita, trivialidade que, no entanto, altera radicalmente a forma de investigar, tratar e redigir as notícias próprias”. Mais palavras para quê?...
Textos relacionados
http://www.poynter.org/dg.lts/id.5435/content.content_view.htm
http://www.poynter.org/dg.lts/id.5435/content.content_view.htm
http://www.alaic.net/VII_congreso/gt/gt_1/GT1-P15.html
http://www.fnpj.org.br/grupos.php?det=8
http://www.labcom.ubi.pt/jac/o_que_e_jac.html
http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=sousa-pedro-jorge-jornalismo-on-line.html
Quem se cruzou com as máquinas de escrever nas redacções, que ainda persistiam em ambiente de jornal no início da década de 90 – o primeiro jornal informatizado do País foi o já extinto decano da Imprensa nacional «O Comércio do Porto» – sabe (muito) bem dar valor à introdução dos computadores como ferramenta indispensável na prática e rotina jornalísticas.
De facto, à imagem do telégrafo, ou, mais tarde, do telefone, o computador tem um papel fundamental, vulgo, insubstituível na forma como se faz jornalismo, permitindo aos profissionais do ramo aceder a uma série de instrumentos que, há 20 anos, pura e simplesmente, eram assegurados de maneira deficiente pelo próprio jornalista, como o improvisado banco de notícias que publicava, ou, por exemplo, que eram publicadas sobre um tema que estivesse a tratar.
Mais de dois séculos volvidos, a realidade é bem diferente. E o salto foi verdadeiramente de gigante. É inconcebível nos tempos que correm uma redacção não ter um arquivo digital que sirva de apoio ao jornalista quando está a produzir textos noticiosos.
Ou seja, se o Jornalismo Assistido por Computador trouxe algum valor ao jornalismo – e é indiscutível que trouxe –, o rigor foi um deles. Ou, como se diz entre os académicos e investigadores, a precisão. Mas trouxe mais. A massificação do computador no processo de produção noticiosa também alterou as rotinas dos jornalistas. E de que maneira.
Se, há 20 anos, o profissional de Comunicação Social não dispensava o telefone ou a necessidade de sair para a rua – uma prática a cair em desuso e pouco incentivada nas redacções (escassez de recursos financeiros «oblige») – para reunir informação, os neófitos jornalistas dos tempos modernos não prescindem é do computador como fonte privilegiada de recolha de notícias.
“O computador, por si, representa já um instrumento extraordinário de fazer Jornalismo, mas um computador ligado à Internet será cada vez mais imprescindível na profissão”, sentencia mesmo Joaquim Fidalgo, ex-jornalista com larga experiência e professor universitário na Universidade do Minho.
Para o autor do livro «Jornalista em Construção», acabado de chegar aos escaparates, “um computador, em rede, acede a fontes de informação, diversas e longínquas, que contextualizam as informações obtidas de fontes directas e próximas. Receber notícias directamente das agências noticiosas, buscar informação na Internet é algo trivial que um computador possibilita, trivialidade que, no entanto, altera radicalmente a forma de investigar, tratar e redigir as notícias próprias”. Mais palavras para quê?...
Textos relacionados
http://www.poynter.org/dg.lts/id.5435/content.content_view.htm
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http://www.alaic.net/VII_congreso/gt/gt_1/GT1-P15.html
http://www.fnpj.org.br/grupos.php?det=8
http://www.labcom.ubi.pt/jac/o_que_e_jac.html
http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=sousa-pedro-jorge-jornalismo-on-line.html
quinta-feira, 24 de abril de 2008
O que é o Twitter
O ritmo de inovação na Internet não dá mesmo mostras de abrandar. O Twitter, cujo conceito assenta numa questão que encerra todo o seu espírito – What are you doing? (O que estás a fazer agora?) –, não é mais do que uma ferramenta disponibilizada com a imparável evolução do ciberespaço.
O Twitter é, assim, um serviço que permite o envio de mensagens do tipo sms para outros usuários, num máximo de 140 caracteres por cada «post». Depois de feito o registo, o Twitter dá a possibilidade aos utilizadores de seguir os passos uns dos outros, com a «postagem» instantânea de twitts (mensagens).
sábado, 5 de abril de 2008
Eduardo Vítor reeleito líder do PS/Gaia
No dia em que o FC Porto conquistou o tricampeonato e o 23.º título da sua história, Eduardo Vítor Rodrigues foi eleito, pelo segundo mandato consecutivo, líder da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Vila Nova de Gaia.
Cabeça de lista da única candidatura que se apresentou ao acto eleitoral dos socialistas gaienses, contrariamente ao que aconteceu em 2006, quando sucedeu a Barbosa Ribeiro, Eduardo Vítor recebeu 602 votos das 18 secções do partido, que vai liderar até 2010, um ano depois das Eleições Legislativas e Autárquicas.
Confirmada uma vitória mais do que esperada, a tomada de posse da Comissão Política Concelhia do PS/Gaia está já marcada para o dia 25, na Assembleia Municipal. No mesmo dia, Eduardo Vítor anunciará a composição do Secretariado, que, ao invés do primeiro mandato, será composto não por 11, mas por 13 elementos.
Cabeça de lista da única candidatura que se apresentou ao acto eleitoral dos socialistas gaienses, contrariamente ao que aconteceu em 2006, quando sucedeu a Barbosa Ribeiro, Eduardo Vítor recebeu 602 votos das 18 secções do partido, que vai liderar até 2010, um ano depois das Eleições Legislativas e Autárquicas.
Confirmada uma vitória mais do que esperada, a tomada de posse da Comissão Política Concelhia do PS/Gaia está já marcada para o dia 25, na Assembleia Municipal. No mesmo dia, Eduardo Vítor anunciará a composição do Secretariado, que, ao invés do primeiro mandato, será composto não por 11, mas por 13 elementos.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
O que é a Web 2.0?
Mais de quatro anos depois de Tim O’Reilly, verdadeiro guru da World Wide Web (www), ter criado a designação Web 2.0, a partir de uma série de conferências para as comunidades cibernáuticas nos Estados Unidos da América, o conceito está longe de gerar consenso.
Para uns, o termo Web 2.0 não passa de uma espécie de golpe de asa de um dos pioneiros em programas de software americanos e mesmo de uma estratégia de puro «marketing» em torno de uma mais do que natural e inevitável evolução da Internet; para outros, como o (in)suspeito detentor da patente, a definição surgiu apenas da necessidade de intitular mais uma «brainstorming» em que ia participar na Califórnia, em 2004.
Mas a moda pegou e o termo nunca mais deixou de ser associado ao que hoje se pode definir como a segunda geração de serviços disponibilizados pela Internet, com a pedra de toque a ser dada na possibilidade de uma ainda por explorar interactividade que não era permitida pela primeira geração, a Web 1.0.
O «pai» da Web 2.0 define mesmo melhor do que ninguém em que consiste a segunda geração Web, ao classificá-la como “a mudança para uma Internet como plataforma”, ao desenvolver “aplicativos que aproveitam os efeitos de rede para se tornarem melhores” à medida que são mais usados por todos, tirando assim partido do que chamou de “inteligência colectiva”.
Por outras palavras, e independentemente do lado da «barricada» em que se está, a Web 2.0 pôs nas mãos do utilizador comum um poder que estava apenas ao alcance de uns poucos: a emissão de conteúdos no ciberespaço.
Ou seja, o utente da Internet deixou de ser apenas o receptor e passou a também ser o emissor, com tudo o que de bom e mau acarreta o acesso a aplicativos que veiculam conteúdos sem qualquer controlo regulador no espaço Web.
Não por acaso, o número de blogues em todo o Mundo não pára de aumentar, à medida que se banaliza a Banda Larga e o conceito atinge um maior número de usuários.
Com o reforço da troca de informações e colaboração dos cibernautas com sítios e serviços virtuais, a Web 2.0 trouxe mesmo uma espécie de democratização de conteúdos que parece não agradar a todos, por implicar riscos e perigos que ameaçam alguns dos pilares em que assenta a sociedade.
Um dos fenómenos trazidos pela disseminação da Web 2.0 foi, por exemplo, as páginas comunitárias na Internet susceptíveis de serem actualizadas por todos os utilizadores do ciberespaço apenas à distância de uma chave de acesso, a que os especialistas deram o nome de «Vikis».
Tão contestada quanto cada vez mais utilizada, a «Wikipedia» é o verdadeiro paradigma da segunda geração Web, funcionando autenticamente como uma enciclopédia on-line editada por leitores, sem qualquer tipo de filtro, ou peneira postos nos conteúdos publicados.
Um dos pioneiros da Internet, nos anos 90, o inglês Andrew Keen, autor do livro «The Cult of the Amateur» (O Culto do Amador), é hoje um céptico em relação aos efeitos que a Web 2.0 está a produzir nas sociedades e já veio mesmo a terreiro alertar para os perigos escondidos no mundo on-line, nomeadamente em sítios como a Wikipedia, que se alimenta de uma “inteligência colectiva” (O’Reilly) com fins muito pouco claros.
Para o autor de «O Culto do Amador», que põe a nu as fraquezas da Web 2.0, ao “nivelar por baixo a produção e piorar a qualidade da informação”, o que pode representar uma “ameaça à cultura”, a famosa Wikipedia é o caso ainda não acabado de um sítio “perigoso”, por ser “tão falho de confiança em todos os tipos de conteúdos”.
Andrew Keen lembra que, “no mundo on-line, ninguém sabe quem são os que operam em sítios como a Wikipedia”, nem tão-pouco “quantos editores tem e quem são”, convencido mesmo de que “as recomendações são feitas por grupos de activistas de 20 e poucos anos sem nada melhor para fazer”.
O autor da tese que defende que a Web 2.0 é uma ameaça à cultura põe assim o «dedo na ferida» relativamente a um dos problemas que se levantam quando em causa está o ciberespaço: o anonimato.
Ainda segundo o inglês que se opõe ao conceito de Tim O’Reilly, o modelo seguido por sítios como o Digg.com, que define um «ranking» de notícias interessantes em função do voto dos cibernautas, ou a Wikipedia.com “prestam-se mesmo à corrupção”, havendo, aliás, “evidências” de que a segunda geração Web “está a ser utilizada em benefício próprio”.
Conceito também nascido da evolução da rede interactiva, o «blogging» é, provavelmente, o mais conhecido exemplo e a primeira ferramenta a ser usada de forma massiva pela Web 2.0, o que contribuiu para uma democratização de conteúdos que Andrew Keen, uma vez mais, vê com (muitas) reservas.
“Os utópicos digitais acreditam na democratização dos media e dos conteúdos, mas a consequência é uma nova oligarquia”. E passa a explicar: “Em teoria, a ‘sabedoria da multidão’ pressupõe o envolvimento de todos. Mas, na realidade, a maioria não está a editar a Wikipedia, nem a adicionar recomendações no Digg, ou no Reddit, porque não tem tempo, interesse, ou energia. O que se chama de ‘sabedoria da multidão’ tem sido sequestrado por uma pequena elite, por uma oligarquia”.
Ainda assim, o autor do livro «The Cult of the Amateur» não se manifesta contra a proliferação de blogues. Com uma ressalva: “Se se está familiarizado com as notícias e se se entende como a tecnologia funciona, a blogosfera pode ser útil”.
A preocupação de Andrew Keen prende-se, pois, com o risco de “os jovens acreditarem em tudo o que lêem” e com a possibilidade de a blogosfera “se transformar numa fonte substituta de notícias”.
Com a massificação da Web 2.0, as páginas pessoais, que sempre existiram desde o arranque da Wordl Wide Web, deram assim lugar aos blogues, que mais não são do que uma página pessoal proveniente da Web 1.0, mas com uma funcionalidade que faz (quase) toda a diferença: o dinamismo.
Um dos factores que, segundo os especialistas, mais contribuíram para o sucesso dos blogues foi a tecnologia RSS, abreviação de «really simple syndication» (distribuição realmente simples), o que significa que um utilizador não apenas pode aceder a uma página, como também pode fazer uma assinatura de um «feed» que lhe permite ser notificado sempre que haja mudanças na página.
Os chamados «sítios dinâmicos» foram praticamente o princípio do fim das páginas estáticas, razão pela qual alguns analistas das coisas do ciberespaço já rotularam o processo que envolve a ferramenta RSS de “rede viva”.
A evolução – ou revolução? – dos serviços disponibilizados pela Internet conduziu ainda ao conceito conhecido por «tagging», ou etiquetagem, cuja funcionalidade provocou um passo diferenciador entre a Web 1.0 e a 2.0. Na prática, a ferramenta disponível com a Web 2.0 permite a criação pelos utilizadores de etiquetas por categorias do conteúdo apresentado nas páginas Web, como blogues, fotografias, trabalhos de âmbito científico, ou escolar, entre outros.
O Del.icio.us é um bom exemplo de um sítio que usa «folksonomy», ou seja, a classificação de recursos disponíveis em websites de conteúdo social pelos próprios utilizadores, para organizar favoritos, ideal para a procura e descoberta de informação, que, etiquetada, torna a vida ao utilizador bem mais fácil. O tempo, como se sabe, também vale dinheiro na Web 2.0...
Em suma, a segunda geração de serviços disponibilizados pela Internet provocou uma autêntica mudança de paradigma quando comparada com a primeira, incapaz de proporcionar aquela que é uma das mais-valias proporcionadas pela Web 2.0: a participação dos cibernautas e a partilha de informação on-line no ciberespaço.
Uma panóplia de virtualidades foi assim trazida pela Web 2.0, nomeadamente websites de redes sociais, como o MySpace.com, ou o Blogger, com, ou ferramentas como, por exemplo, o MSN Messenger, ou «Wikis», mas, ao fim de pouco mais de quatro anos de uma espécie de revolução pacífica e silenciosa, ninguém parece ter dúvidas quanto às potencialidades ainda por explorar de uma nova forma de relacionamento no ciberespaço.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Globalização justifica atraso do Norte em relação ao Sul
O eurodeputado Silva Peneda defendeu ontem, no âmbito de um fórum/debate promovido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP), a necessidade de existência de “um espírito de conquista em três áreas fundamentais – trabalho, inovação e capital – para inverter as assimetrias” entre a Região Norte e Sul.
Segundo um estudo do EUROSTAT, o Norte é uma das mais pobres regiões do espaço europeu, ocupando mesmo o 255 lugar numa lista de 273 regiões, e já a mais pobre em todo o continente, conforme aponta o Instituto Nacional de Estatística (INE), no relatório de Março de 2008.
Nada que surpreenda Silva Peneda, que não tem dúvidas em apontar o dedo à globalização como a causa primeira para o novo paradigma económico e social.
“A globalização não afectou todas as regiões da mesma forma. Umas foram atingidas de uma forma positiva e outras de uma maneira negativa”, considerou, dando como exemplo o sector têxtil: “Para a Região Norte, os efeitos foram nefastos, mas, para a indústria alemã que fornece o sector têxtil indiano, chinês, ou paquistanês, o fenómeno teve o efeito oposto”.
Mesmo sem querer alimentar querelas político-partidárias, o eurodeputado social-democrata, ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade Social nos Governos de Cavaco Silva, lamentou o atraso na promessa feita pelo Governo de José Sócrates de ter o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para 2007-2013 pronto em Janeiro de 2007.
Mais: o ex-ministro de Cavaco Silva também condenou que aquele documento estratégico para o desenvolvimento do País não defina um objectivo claro para os próximos sete anos, adepto de uma lógica segundo a qual “o que não é medido não pode ser gerido”.
Para Silva Peneda, a globalização está, de facto, a “empobrecer a Região Norte”, já ultrapassada pelos Açores e pelo Alentejo, mas “o problema também é político”. O social-democrata questionou mesmo, na Faculdade de Letras, o «pacote» de investimentos previstos no âmbito do QREN para o Norte do País.
“Dos 13 mil milhões de euros de investimento do Programa Operacional Temático de Valorização do Território, só 600 milhões, ou seja, 4,6 por cento, serão investidos no Norte, em apenas três projectos: IP4 Vila Real/Quintanilha, plataforma logística de Leixões e IC35 Penafiel/Entre-Os-Rios”, sublinhou Silva Peneda, certo de que a política de prioridades do Estado mostra “uma clara insensibilidade política e social”.
Em jeito de conclusão, o eurodeputado garantiu ainda que “o problema do Norte não pode ser visto como uma questão regional, pela sua natureza e dimensão”, e assumiu que, “se a Região Norte não recuperar da actual situação, o País está condenado a ser o lanterna vermelha da União Europeia”.
Segundo um estudo do EUROSTAT, o Norte é uma das mais pobres regiões do espaço europeu, ocupando mesmo o 255 lugar numa lista de 273 regiões, e já a mais pobre em todo o continente, conforme aponta o Instituto Nacional de Estatística (INE), no relatório de Março de 2008.
Nada que surpreenda Silva Peneda, que não tem dúvidas em apontar o dedo à globalização como a causa primeira para o novo paradigma económico e social.
“A globalização não afectou todas as regiões da mesma forma. Umas foram atingidas de uma forma positiva e outras de uma maneira negativa”, considerou, dando como exemplo o sector têxtil: “Para a Região Norte, os efeitos foram nefastos, mas, para a indústria alemã que fornece o sector têxtil indiano, chinês, ou paquistanês, o fenómeno teve o efeito oposto”.
Mesmo sem querer alimentar querelas político-partidárias, o eurodeputado social-democrata, ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade Social nos Governos de Cavaco Silva, lamentou o atraso na promessa feita pelo Governo de José Sócrates de ter o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para 2007-2013 pronto em Janeiro de 2007.
Mais: o ex-ministro de Cavaco Silva também condenou que aquele documento estratégico para o desenvolvimento do País não defina um objectivo claro para os próximos sete anos, adepto de uma lógica segundo a qual “o que não é medido não pode ser gerido”.
Para Silva Peneda, a globalização está, de facto, a “empobrecer a Região Norte”, já ultrapassada pelos Açores e pelo Alentejo, mas “o problema também é político”. O social-democrata questionou mesmo, na Faculdade de Letras, o «pacote» de investimentos previstos no âmbito do QREN para o Norte do País.
“Dos 13 mil milhões de euros de investimento do Programa Operacional Temático de Valorização do Território, só 600 milhões, ou seja, 4,6 por cento, serão investidos no Norte, em apenas três projectos: IP4 Vila Real/Quintanilha, plataforma logística de Leixões e IC35 Penafiel/Entre-Os-Rios”, sublinhou Silva Peneda, certo de que a política de prioridades do Estado mostra “uma clara insensibilidade política e social”.
Em jeito de conclusão, o eurodeputado garantiu ainda que “o problema do Norte não pode ser visto como uma questão regional, pela sua natureza e dimensão”, e assumiu que, “se a Região Norte não recuperar da actual situação, o País está condenado a ser o lanterna vermelha da União Europeia”.
Edição impressa do JPN
O JPN lançou o JPNA4, que reúne em formato PDF algumas das notícias e reportagens publicadas no ciberjornal feito por alunos do Curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Com periodicidade semanal, o JPNA4 apresenta uma selecção de trabalhos de vários temas publicadas originalmente no jornal online. Foi concebido para ser impresso e facilmente transportável, mas também pode ser lido no computador ou num PDA.
Com periodicidade semanal, o JPNA4 apresenta uma selecção de trabalhos de vários temas publicadas originalmente no jornal online. Foi concebido para ser impresso e facilmente transportável, mas também pode ser lido no computador ou num PDA.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Debate na FLUP sobre «Desenvolvimento Região Norte»
A Faculdade de Letras da Universidade do Porto organiza na próxima quinta-feira, dia 3 de Abril, pelas 14h30, um Fórum/Debate subordinado ao tema «Desenvolvimento Região Norte», na sala de reuniões da faculdade, junto ao bar de professores e do Conselho Directivo.
O painel de oradores será composto por José Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto, José Silva Peneda, deputado europeu e ex-ministro, Vladimir Feliz, da Câmara do Porto, José Ramiro Pimenta, docente do Departamento de Geografia da FLUP e Eduardo Vítor Rodrigues, docente do Departamento de Sociologia da FLUP.
O painel de oradores será composto por José Marques dos Santos, Reitor da Universidade do Porto, José Silva Peneda, deputado europeu e ex-ministro, Vladimir Feliz, da Câmara do Porto, José Ramiro Pimenta, docente do Departamento de Geografia da FLUP e Eduardo Vítor Rodrigues, docente do Departamento de Sociologia da FLUP.
O rebate das consciências
A revelação providencial do vídeo da aluna da Escola Secundária Carolina Michaëlis a tirar (des)esforço de uma professora de francês em plena sala de aula, com a plateia a aplaudir, por causa de um telemóvel mostrou à saciedade – se dúvidas ainda houvesse – o estado a que chegou a escola pública em Portugal.
Tão inquietante como o comportamento troglodita e chocante de mais uma jovem dos tempos que correm é a atitude da turma, disposta a pagar para ver – e a filmar – a aluna a chegar a vias de facto com a isolada e fragilizada docente da «Carolina Michaëlis».
Se bem que pelos piores motivos, a gravação feita à custa de um outro telemóvel na sala de aula serviu para fazer tocar a rebate as consciências dos agentes educativos e, acima de tudo, de uma sociedade falha de memória e de costas voltadas não tanto com a escola, mas antes com o processo conducente à transmissão de valores e princípios.
A forma (in)compreensível como a aluna se dirigiu à professora de francês, com o verdadeiro «circo de feras» a assistir, (imp)ávido de mostrar quem, afinal, manda na escola, não é mais do que um sinal dos tempos, marcados ao ritmo de condutas morais que ferem de morte um dos pilares da escola e da sociedade: a autoridade.
Sob pena de se perder de uma vez por todas o que ainda resta da «antiga escola», não só de currículos e conteúdos, mas também de regras e princípios, como o respeito e a disciplina, é provavelmente chegada a hora de todos pararem para reflectir não no caso da aluna da «Carolina Michaëlis», mas na Escola de um País que já se dá por contente à sombra das estatísticas do combate à taxa de abandono escolar.
E que não haja dúvidas: se se perder a Escola, não se perdem os jovens – perde-se o futuro. Tudo.
Tão inquietante como o comportamento troglodita e chocante de mais uma jovem dos tempos que correm é a atitude da turma, disposta a pagar para ver – e a filmar – a aluna a chegar a vias de facto com a isolada e fragilizada docente da «Carolina Michaëlis».
Se bem que pelos piores motivos, a gravação feita à custa de um outro telemóvel na sala de aula serviu para fazer tocar a rebate as consciências dos agentes educativos e, acima de tudo, de uma sociedade falha de memória e de costas voltadas não tanto com a escola, mas antes com o processo conducente à transmissão de valores e princípios.
A forma (in)compreensível como a aluna se dirigiu à professora de francês, com o verdadeiro «circo de feras» a assistir, (imp)ávido de mostrar quem, afinal, manda na escola, não é mais do que um sinal dos tempos, marcados ao ritmo de condutas morais que ferem de morte um dos pilares da escola e da sociedade: a autoridade.
Sob pena de se perder de uma vez por todas o que ainda resta da «antiga escola», não só de currículos e conteúdos, mas também de regras e princípios, como o respeito e a disciplina, é provavelmente chegada a hora de todos pararem para reflectir não no caso da aluna da «Carolina Michaëlis», mas na Escola de um País que já se dá por contente à sombra das estatísticas do combate à taxa de abandono escolar.
E que não haja dúvidas: se se perder a Escola, não se perdem os jovens – perde-se o futuro. Tudo.
quinta-feira, 27 de março de 2008
Jornais diários em queda livre
Os cinco jornais diários mais lidos em Portugal venderam menos 321 mil exemplares em 2007 do que no ano anterior, com quatro deles a diminuir as vendas e apenas o líder "Correio da Manhã" a aumentar.
De acordo com dados hoje divulgados pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), o número de exemplares de jornais diários vendidos durante o ano 2007 caiu 2,7 por cento (menos cerca de nove mil unidades), para uma média de 321 mil exemplares.
Para esta queda contribuíram todos os títulos com excepção do "Correio da Manhã" que manteve a liderança, aumentando mesmo as suas vendas em 3,1 por cento.
O diário do grupo Cofina obteve, no ano passado, uma circulação média (vendas e assinaturas) superior a 115 mil exemplares por dia, mais cerca de 4 mil exemplares do que em 2006.
A maior descida nas vendas foi registada pelo "24horas", que caiu 13,6 por cento, para menos de 36 mil exemplares. Com esta queda - de mais de 5500 exemplares - o diário mais popular do grupo Controlinveste acentuou o último posto no grupo dos cinco diários mais vendidos no país.
Logo a seguir, com a quarta posição entre os mais vendidos, ficou o outro diário da Controlinveste, o "Diário de Notícias".
Este jornal vendeu pouco mais que o "24horas", registando uma média diária de cerca de 36.200 exemplares, o que significa que perdeu 0,9 por cento em relação aos valores que tinha em 2006.
Também o seu principal rival, o PÚBLICO, do grupo Sonae, perdeu compradores, descendo o número de exemplares vendidos em 5,5 por cento, para 41.764 exemplares.
Com menos de 100 mil exemplares vendidos ficou ainda o antigo líder de vendas, o "Jornal de Notícias", que com uma média diária de cerca de 91.800 exemplares, perdeu 3,8 por cento de compradores.
In PÚBLICO
De acordo com dados hoje divulgados pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), o número de exemplares de jornais diários vendidos durante o ano 2007 caiu 2,7 por cento (menos cerca de nove mil unidades), para uma média de 321 mil exemplares.
Para esta queda contribuíram todos os títulos com excepção do "Correio da Manhã" que manteve a liderança, aumentando mesmo as suas vendas em 3,1 por cento.
O diário do grupo Cofina obteve, no ano passado, uma circulação média (vendas e assinaturas) superior a 115 mil exemplares por dia, mais cerca de 4 mil exemplares do que em 2006.
A maior descida nas vendas foi registada pelo "24horas", que caiu 13,6 por cento, para menos de 36 mil exemplares. Com esta queda - de mais de 5500 exemplares - o diário mais popular do grupo Controlinveste acentuou o último posto no grupo dos cinco diários mais vendidos no país.
Logo a seguir, com a quarta posição entre os mais vendidos, ficou o outro diário da Controlinveste, o "Diário de Notícias".
Este jornal vendeu pouco mais que o "24horas", registando uma média diária de cerca de 36.200 exemplares, o que significa que perdeu 0,9 por cento em relação aos valores que tinha em 2006.
Também o seu principal rival, o PÚBLICO, do grupo Sonae, perdeu compradores, descendo o número de exemplares vendidos em 5,5 por cento, para 41.764 exemplares.
Com menos de 100 mil exemplares vendidos ficou ainda o antigo líder de vendas, o "Jornal de Notícias", que com uma média diária de cerca de 91.800 exemplares, perdeu 3,8 por cento de compradores.
In PÚBLICO
Adobe disponibiliza Photoshop gratuitamente
A Adobe Systems acaba de lançar uma versão on-line gratuita do programa de edição de imagens «Photoshop».
Depois de feito o registo, o utilizador pode ter acesso à sua conta através de qualquer computador, não sendo necessário «descarregar» qualquer software adicional.
O programa pode ser adquirido em www.adobe.com.
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quarta-feira, 26 de março de 2008
Eduardo Vítor recandidata-se a líder do PS/Gaia
Eduardo Vítor Rodrigues deu ontem formalmente o passo que lhe faltava rumo à mais do que certa recondução na presidência da Comissão Política do PS/Gaia, ao apresentar, nos Carvalhos (Pedroso), a candidatura oficial à Concelhia, que vai a votos no dia 5 de Abril.
Sem qualquer lista opositora, contrariamente ao que sucedera em 2006, quando disputou as eleições com Gustavo Carranca, o líder da Comissão Política dos socialistas tem as portas da reeleição para o mandato que termina em 2010 – um ano depois das Legislativas e Autárquicas – escancaradas, o que, para Eduardo Vítor, se justifica por uma «contagem de espingardas» por parte de quem não está em sintonia com a estrutura concelhia do PS que apontava para “um fortalecimento da votação” obtida dois anos antes.
Por outras palavras: “Ninguém quis submeter-se a um resultado humilhante”.
Com os olhos postos em 2009, o único candidato às eleições de 5 de Abril defendeu ontem nos Carvalhos que a candidatura compreende “uma lista de unidade e de opções”, na qual estão “todos” os que o líder da Comissão Politica “gostaria que estivessem” e não “os que gostariam de estar”.
E mais: “É uma lista de unidade construída e não de unidade fictícia”, como se prova, advogou ainda o socialista de Gaia, pelo “apoio de ilustres militantes no activo de secções” que há dois anos não o apoiaram, nomeadamente Mafamude, S. Félix da Marinha e Crestuma.
Com o partido em Gaia “higienizado, unido e forte” e com “uma liderança”, Eduardo Vítor também deixou claro que “a lista apresentada é a antecâmara das listas” que o PS/Gaia vai candidatar “à Assembleia Municipal e à Câmara” nas Autárquicas de 2009. “Quem está está; quem não está não está”, reafirmou, acrescentando que “as opções ficam clarificadas na eleição para a Concelhia”, para que “ninguém pense” que quer “falsos unanimismos”.
Não por acaso, dos três vereadores do PS eleitos em 2005, Eduardo Vítor apenas convidou Jorge Patrício, que aceitou fazer parte da lista à Concelhia, ficando assim de fora Barbosa Ribeiro e ainda José Moreira Alves. O ex-líder do PS/Gaia já veio a terreiro dizer que “os melhores ficaram em casa” nas eleições para as Concelhias dos socialistas, o que também motivou uma resposta do líder da estrutura «rosa» gaiense.
“Uma candidatura única é o produto de uma unanimidade, mas, no PS/Gaia, isso não existe. A reacção de Barbosa Ribeiro mostra bem que nem todos estão comigo, o que encaro não com tristeza mas antes como natural”, sublinha, ajuntando ainda que “não encaixo a piada de Barbosa Ribeiro segundo a qual muitos dos melhores ficaram em casa, porque muitos dos melhores estão na minha lista”. O que aconteceu, prosseguiu Eduardo Vítor, “foi que muitos dos presunçosos ficaram escondidos debaixo da mesa e não vieram à luta”.
Depois de “um compasso de espera e de um momento em que o partido em Gaia parou”, para “reflectir e arrumar a casa”, ou seja, afinar agulhas com a Distrital e com a Nacional para “ficar bem claro quais são as estratégias a seguir”, o também presidente de Junta de Oliveira do Douro decidiu avançar decididamente com a recandidatura à Comissão Política Concelhia e com a construção de um programa eleitoral que visa “ganhar a Câmara” no próximo ano.
Mesmo consciente de que “o PS em Gaia vem do pior resultado eleitoral de sempre pós-25 de Abril”, Eduardo Vítor considerou que a candidatura ontem formalizada “só faz sentido” se for para “ganhar” a autarquia. Aliás, mal seja reeleito presidente da Concelhia, o líder da Comissão Política vai constituir “equipas de trabalho específicas” para definir o futuro das empresas municipais em Gaia.
Para o candidato às eleições de 5 de Abril, há mesmo questões que são claras. Primeira: “Extinção da Gaianima”. Segunda: “Fusão da Estação Litoral da Aguda e do Parque Biológico nas Águas de Gaia”. Terceira: “Requestionamento da Gaiurb, uma vez que, do ponto de vista do PS, não faz sentido a sua existência tal e qual está a funcionar”. E das duas, uma: “Ou a Gaiurb se torna uma estrutura de apoio na área do Urbanismo, ou deve mesmo ser extinta e o Urbanismo voltar à Câmara”.
Mas, aconteça o que acontecer, uma decisão já está tomada: “O PS vai propor que todos os processos que tramitem na Gaiurb, ou na Câmara, sejam presentes a reunião de Câmara, para a Oposição ter conhecimento de tudo o que é aprovado, por uma questão de transparência”.
“Endividamento da Câmara, taxas municipais, PDM, Escarpa da Serra do Pilar, Metro de superfície, Hospital de Gaia e adesão à LIPOR”, na tentativa de enterrar o projecto do aterro sanitário previsto para Canedo, na Feira – “A minha questão não é de quintal, é de princípio: hoje, na Europa, já não se fazem aterros em lado nenhum”, justifica –, são outros dos temas que o líder do PS/Gaia vai pôr na agenda das prioridades socialistas para o quase certo mandato até 2010.
Do programa eleitoral com que quer levar o PS à vitória na Câmara, 12 anos depois de Luís Filipe Menezes ter sido eleito presidente da autarquia, constam ainda “serviços sociais de proximidade, revalorização das Juntas como parceiros da Câmara, coisa que, infelizmente, deixou de acontecer, e necessidade de infra-estruturação do concelho, no sentido da requalificação dos equipamentos degradados já existentes e não no da criação de novas infra-estruturas”.
Candidato à Câmara definido até final do ano
Auto-excluído de cabeça de lista da candidatura «rosa» à Câmara de Gaia nas Eleições Autár¬quicas – “Não há uma espécie de imperativo de candidatar o próprio presidente da Concelhia”, foi peremptório –, Eduardo Vítor espera resolver a questão relacionada com a definição do rosto socialista que vai tentar ganhar a autarquia a Luís Filipe Menezes “com alguma celeridade”. O mesmo é dizer que o líder da Comissão Polí¬tica Concelhia do PS/Gaia conta ter “a situação clarificada até ao final do ano”.
Nos Carvalhos, o candidato que concorre sozi¬nho às eleições do dia 5 de Abril também deixou a garantia de que o PS “tem os seus timings” e afastou a possibilidade de Gaia fazer “importa¬ção de candidatos”, no sentido, explicou ainda Eduardo Vítor, de “ir buscar alguém a Lis¬boa”. Se houver uma figura nacional, concluiu, “terá de ter uma forte ligação a Gaia”.
A tomada de posse da Comissão Políti¬ca e do secretariado do PS/Gaia, que será com¬posto por 13 elementos e não pelos 11 que assu¬miram funções em 2006, já está marcada para o dia 25 de Abril, no Auditório da Câmara de Gaia. Uma data simbólica que Eduardo Vítor justificou pela “necessidade de revalorizar os valores de Abril”.
Sem qualquer lista opositora, contrariamente ao que sucedera em 2006, quando disputou as eleições com Gustavo Carranca, o líder da Comissão Política dos socialistas tem as portas da reeleição para o mandato que termina em 2010 – um ano depois das Legislativas e Autárquicas – escancaradas, o que, para Eduardo Vítor, se justifica por uma «contagem de espingardas» por parte de quem não está em sintonia com a estrutura concelhia do PS que apontava para “um fortalecimento da votação” obtida dois anos antes.
Por outras palavras: “Ninguém quis submeter-se a um resultado humilhante”.
Com os olhos postos em 2009, o único candidato às eleições de 5 de Abril defendeu ontem nos Carvalhos que a candidatura compreende “uma lista de unidade e de opções”, na qual estão “todos” os que o líder da Comissão Politica “gostaria que estivessem” e não “os que gostariam de estar”.
E mais: “É uma lista de unidade construída e não de unidade fictícia”, como se prova, advogou ainda o socialista de Gaia, pelo “apoio de ilustres militantes no activo de secções” que há dois anos não o apoiaram, nomeadamente Mafamude, S. Félix da Marinha e Crestuma.
Com o partido em Gaia “higienizado, unido e forte” e com “uma liderança”, Eduardo Vítor também deixou claro que “a lista apresentada é a antecâmara das listas” que o PS/Gaia vai candidatar “à Assembleia Municipal e à Câmara” nas Autárquicas de 2009. “Quem está está; quem não está não está”, reafirmou, acrescentando que “as opções ficam clarificadas na eleição para a Concelhia”, para que “ninguém pense” que quer “falsos unanimismos”.
Não por acaso, dos três vereadores do PS eleitos em 2005, Eduardo Vítor apenas convidou Jorge Patrício, que aceitou fazer parte da lista à Concelhia, ficando assim de fora Barbosa Ribeiro e ainda José Moreira Alves. O ex-líder do PS/Gaia já veio a terreiro dizer que “os melhores ficaram em casa” nas eleições para as Concelhias dos socialistas, o que também motivou uma resposta do líder da estrutura «rosa» gaiense.
“Uma candidatura única é o produto de uma unanimidade, mas, no PS/Gaia, isso não existe. A reacção de Barbosa Ribeiro mostra bem que nem todos estão comigo, o que encaro não com tristeza mas antes como natural”, sublinha, ajuntando ainda que “não encaixo a piada de Barbosa Ribeiro segundo a qual muitos dos melhores ficaram em casa, porque muitos dos melhores estão na minha lista”. O que aconteceu, prosseguiu Eduardo Vítor, “foi que muitos dos presunçosos ficaram escondidos debaixo da mesa e não vieram à luta”.
Depois de “um compasso de espera e de um momento em que o partido em Gaia parou”, para “reflectir e arrumar a casa”, ou seja, afinar agulhas com a Distrital e com a Nacional para “ficar bem claro quais são as estratégias a seguir”, o também presidente de Junta de Oliveira do Douro decidiu avançar decididamente com a recandidatura à Comissão Política Concelhia e com a construção de um programa eleitoral que visa “ganhar a Câmara” no próximo ano.
Mesmo consciente de que “o PS em Gaia vem do pior resultado eleitoral de sempre pós-25 de Abril”, Eduardo Vítor considerou que a candidatura ontem formalizada “só faz sentido” se for para “ganhar” a autarquia. Aliás, mal seja reeleito presidente da Concelhia, o líder da Comissão Política vai constituir “equipas de trabalho específicas” para definir o futuro das empresas municipais em Gaia.
Para o candidato às eleições de 5 de Abril, há mesmo questões que são claras. Primeira: “Extinção da Gaianima”. Segunda: “Fusão da Estação Litoral da Aguda e do Parque Biológico nas Águas de Gaia”. Terceira: “Requestionamento da Gaiurb, uma vez que, do ponto de vista do PS, não faz sentido a sua existência tal e qual está a funcionar”. E das duas, uma: “Ou a Gaiurb se torna uma estrutura de apoio na área do Urbanismo, ou deve mesmo ser extinta e o Urbanismo voltar à Câmara”.
Mas, aconteça o que acontecer, uma decisão já está tomada: “O PS vai propor que todos os processos que tramitem na Gaiurb, ou na Câmara, sejam presentes a reunião de Câmara, para a Oposição ter conhecimento de tudo o que é aprovado, por uma questão de transparência”.
“Endividamento da Câmara, taxas municipais, PDM, Escarpa da Serra do Pilar, Metro de superfície, Hospital de Gaia e adesão à LIPOR”, na tentativa de enterrar o projecto do aterro sanitário previsto para Canedo, na Feira – “A minha questão não é de quintal, é de princípio: hoje, na Europa, já não se fazem aterros em lado nenhum”, justifica –, são outros dos temas que o líder do PS/Gaia vai pôr na agenda das prioridades socialistas para o quase certo mandato até 2010.
Do programa eleitoral com que quer levar o PS à vitória na Câmara, 12 anos depois de Luís Filipe Menezes ter sido eleito presidente da autarquia, constam ainda “serviços sociais de proximidade, revalorização das Juntas como parceiros da Câmara, coisa que, infelizmente, deixou de acontecer, e necessidade de infra-estruturação do concelho, no sentido da requalificação dos equipamentos degradados já existentes e não no da criação de novas infra-estruturas”.
Candidato à Câmara definido até final do ano
Auto-excluído de cabeça de lista da candidatura «rosa» à Câmara de Gaia nas Eleições Autár¬quicas – “Não há uma espécie de imperativo de candidatar o próprio presidente da Concelhia”, foi peremptório –, Eduardo Vítor espera resolver a questão relacionada com a definição do rosto socialista que vai tentar ganhar a autarquia a Luís Filipe Menezes “com alguma celeridade”. O mesmo é dizer que o líder da Comissão Polí¬tica Concelhia do PS/Gaia conta ter “a situação clarificada até ao final do ano”.
Nos Carvalhos, o candidato que concorre sozi¬nho às eleições do dia 5 de Abril também deixou a garantia de que o PS “tem os seus timings” e afastou a possibilidade de Gaia fazer “importa¬ção de candidatos”, no sentido, explicou ainda Eduardo Vítor, de “ir buscar alguém a Lis¬boa”. Se houver uma figura nacional, concluiu, “terá de ter uma forte ligação a Gaia”.
A tomada de posse da Comissão Políti¬ca e do secretariado do PS/Gaia, que será com¬posto por 13 elementos e não pelos 11 que assu¬miram funções em 2006, já está marcada para o dia 25 de Abril, no Auditório da Câmara de Gaia. Uma data simbólica que Eduardo Vítor justificou pela “necessidade de revalorizar os valores de Abril”.
Os números da vergonha
O balanço da «Operação Polícia Sempre Presente – Páscoa em Segurança», levado a cabo, entre os dias 13 e 24, pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em todo o território nacional, voltou a ser esmagador: 2057 acidentes nas estradas portuguesas, dos quais resultaram seis mortos, igual número de 2007, e 31 feridos graves, menos 10 do que no ano anterior.
Os números deviam envergonhar tudo e todos. Mais de 20 anos depois da adesão à União Europeia, Portugal é dos países da Europa a 27 em que se regista um dos maiores números de vítimas mortais em acidentes rodoviários por milhão de habitantes, apenas atrás de Letónia, Roménia, Lituânia e Eslováquia. Esclarecedor.
Não obstante o agravamento das coimas e de um cada vez mais punitivo Código da Estrada, que tem mudado à velocidade da eleição de um novo Governo, os resultados têm sido pouco, ou mesmo nada, animadores, a não ser para os cofres do Estado.
O que mostra à saciedade que, afinal, a solução para o pesadelo que se vive nas estradas portuguesas não está no carácter mais ou menos repressivo da moldura que pune os infractores, mas num problema bem mais abrangente e transversal aos portugueses: a educação cívica.
O flagelo português tem, assim, de ser combatido a montante das multas e da imposição de novos limites de velocidade, ou da criação do cadastro do condutor, com a adopção de medidas rodoviárias proactivas, mas, acima de tudo, com a construção de uma cultura cívica que não pode passar à margem dos bancos da escola.
Para Portugal não correr mesmo o risco de, em vez de estar na cauda da Europa, ficar à cabeça de África…
Os números deviam envergonhar tudo e todos. Mais de 20 anos depois da adesão à União Europeia, Portugal é dos países da Europa a 27 em que se regista um dos maiores números de vítimas mortais em acidentes rodoviários por milhão de habitantes, apenas atrás de Letónia, Roménia, Lituânia e Eslováquia. Esclarecedor.
Não obstante o agravamento das coimas e de um cada vez mais punitivo Código da Estrada, que tem mudado à velocidade da eleição de um novo Governo, os resultados têm sido pouco, ou mesmo nada, animadores, a não ser para os cofres do Estado.
O que mostra à saciedade que, afinal, a solução para o pesadelo que se vive nas estradas portuguesas não está no carácter mais ou menos repressivo da moldura que pune os infractores, mas num problema bem mais abrangente e transversal aos portugueses: a educação cívica.
O flagelo português tem, assim, de ser combatido a montante das multas e da imposição de novos limites de velocidade, ou da criação do cadastro do condutor, com a adopção de medidas rodoviárias proactivas, mas, acima de tudo, com a construção de uma cultura cívica que não pode passar à margem dos bancos da escola.
Para Portugal não correr mesmo o risco de, em vez de estar na cauda da Europa, ficar à cabeça de África…
domingo, 23 de março de 2008
sábado, 22 de março de 2008
Árbitro brasileira dá brilho à Gala de «O Gaiense»
Pela quinta época consecutiva, o jornal «O Gaiense» distinguiu, na passada terça-feira, os treinadores e jogadores que deram nas vistas na época 2006/2007, numa gala que juntou um rol de figuras do futebol, da política, da música e da arbitragem. Nacional e brasileira.
Ana Paula Oliveira foi mesmo a estrela que deu mais brilho a uma iniciativa que está a tornar-se um caso sério de popularidade.
O restaurante «Tromba Rija», no Cais de Gaia, foi terça-feira pequeno para acolher os premiados e convidados do jornal regional «O Gaiense», que, pelo quinto ano, entregou os prémios aos treinadores e jogadores que se distinguiram na época 2006/2007, com troféus para «O Melhor Treinador» e ainda para os melhores avançados da Divisão de Honra e da I Divisão e para os guarda-redes menos batidos também dos dois principais Campeonatos da AF Porto.
Depois de José Mourinho, no ano de estreia, em 2004, Vítor Baía, que, na qualidade de gaiense nascido na Afurada, fora mesmo homenageado, Paulo Bento e de Jesualdo Ferreira, o jornal de Gaia apostou numa figura internacional para dar visibilidade ao evento, ao trazer, pela primeira vez a Portugal, a árbitro-assistente brasileira Ana Paula Oliveira, a mais famosa «juíza» mundial, também conhecida por ter posado nua para a revista «Playboy», em Julho de 2007.
Foi, aliás, Ana Paula quem entregou, a par de Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de Futebol, Humberto Coelho, ex-seleccionador nacional, e Filipe Bastos, director do jornal, a António Remelgado, treinador do líder da Divisão de Honra Coimbrões, o prémio relativo a «O Melhor Treinador» de 2006/2007, conquistado ao serviço do emblema de Silva Matos.
Após ter ficado em segundo lugar na época anterior, o técnico do Coimbrões recebeu finalmente o primeiro prémio, que o “sensibilizou muito” e que dividiu por “muita gente”, dos jogadores, que “foram e são fantásticos”, à massa associativa, “mulher e filhos”, ou ao ex-presidente João Rouxinol, que apostou pessoalmente no técnico que treinara o Pedroso antes de rumar a Silva Matos, e director d’«O Gaiense».
Segundo posicionado no prémio atribuído pelo jornal, o técnico Paulo Jorge, que já abandonou o Gulpilhares, também quis “agradecer a todos os atletas” com que trabalhou no ano de estreia como treinador, ao emblema de Gaia, que lhe permitiu fazer o baptismo como «timoneiro», e ainda ao director d’«O Gaiense».
A fechar o pódio, José Cardoso, actual treinador do Crestuma – conquistou o troféu ao serviço do Pedroso –, não deixou também de “agradecer a ‘O Gaiense’ e a todos os dirigentes” dos clubes que representou, para quem pediu mesmo “uma salva de palmas”.
Formado nas camadas jovens do Oliveira do Douro e autor de 25 golos com a camisola do Coimbrões, em 2006/2007, o ponta-de-lança Rabaça recebeu das mãos de Francisco Costa, membro do Conselho de Arbitragem da FPF, e de João Vieira Pinto o prémio de «artilheiro» da Divisão de Honra.
Ainda na mesma categoria, Avelino, jogador do Castêlo da Maia, depois de se ter transferido do Valadares, foi distinguido com o troféu referente ao goleador da I Divisão, com 13 golos apontados no Campeonato anterior.
Por fim, foi a vez de o jornal homenagear os dois guarda-redes que menos golos sofreram na temporada 2006/2007: Vítor, do Gulpilhares, da I Divisão, e Costa, do Perosinho, da Divisão de Honra, com 27 e 20 golos sofridos, respectivamente.
Este artigo pode ser ainda lido em O Norte Desportivo
domingo, 16 de março de 2008
«ANGELISTAS»
A propósito da participação para esclarecimento sobre a conformidade de determinados artigos da proposta do Regime Jurídico das Federações, feita junto da FIFA, tal qual a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) o fizera, logo surgiram os «papagaios» do costume a tentar bater sem dó nem piedade.
A esse propósito, um dos entrevistados não se fez rogado e deu uma entrevista intitulada «Os suspeitos do Costume». É óbvio que a entrevista do sr. presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais é ofensiva, pelo menos para aqueles que não se movem nos gabinetes e caminhos que o mesmo percorre.
A intervenção do sr. Joaquim Evangelista é orquestrada, deturpada e imputa factos e considerações ofensivas para todos aqueles que estão no futebol pelo futebol e não porque nenhuma outra actividade profissional lhes é conhecida ou reconhecida.
É irresponsável, folclórica e oportunista a resposta dada pelo sr. Joaquim Evangelista sobre a posição das Associações, uma vez que o dito não conhecia o conteúdo do documento entregue, pois, caso contrário, perceberia que não há queixa, mas pedido de esclarecimento sobre disposições legais propostas.
Da mesma forma, é da sua parte irresponsável afirmar “que se usa a Selecção como arma de arremesso”, pois o dr. Gilberto Madail também auscultou a FIFA sobre artigos da proposta do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD). Percebe-se, por um lado, a aflição do sr. Joaquim Evangelista, e, por outro, a colagem política ao RJFD proposto, uma vez que do mesmo resulta um aumento da sua representatividade de 10 para 15 por cento – passaria a ter mais votos com «meia dúzia de filiados» do que todos os que representam em conjunto mais de 136.000 jogadores de futebol!
Por outro lado, suspeito, e muito, é o facto do dito cidadão em causa ter assento no Conselho Nacional do Desporto (CND), com direito a voto, em prol de um diploma no qual é directamente interessado, tanto mais que, depois de se manifestar na 7.ª Comissão Parlamentar contra a Lei de Bases da Actividade Física, adira agora integralmente e sem reservas a todas as posições e até expressões do sr. Secretário de Estado do Desporto. Mas, mais suspeito, é ter contribuído com o seu voto para eleições antecipadas na FPF, provocando ostensivamente as mesmas, e agora atribuir a responsabilidade ao dr. Gilberto Madail e às associações distritais, dizendo-se enganado!
Quiçá tivesse um sonho para a composição final das listas para os órgãos sociais da FPF, o mesmo que tem para as futuras listas, tanto mais que, suspeita, é a bajulação e «idolatração» mostrada em Assembleia Geral da FPF, aquando da eleição do dr. Gilberto Madail, e agora dizer, ostensivamente, que se sente enganado.
Mas, uma vez que se fala em suspeição, suspeitas foram as ameaças de greve no futebol profissional, por causa do regime fiscal dos jogadores profissionais, e depois… «caladinho que nem um rato»!
Acrescente-se que, porque chama irresponsáveis aos subscritores da solicitação junto da FIFA, irresponsabilidade é solicitar à AF Porto uma audiência para discutir futebol, não ter comparecido, não justificar a ausência e depois dizer que nem se lembrava de tal reunião!
Irresponsável é não ter contribuído em nada para «ajudar» os seus profissionais, «encostados» nos clubes profissionais, contrariamente à AF Porto, que criou uma Liga Intercalar defendendo interesses do futebol de formação e profissional que o Sindicato esqueceu e esquece!
Falsidade e hipocrisia é tentar organizar, em paralelo com o Fórum Nacional de Futebol, realizado em Santarém, uma iniciativa com a presença de Luís Figo e Cristiano Ronaldo para «ofuscar» a iniciativa das Associações Distritais!
Hipocrisia é sair desse fórum e ameaçar «bombasticamente» o Departamento Médico do FC Porto para discutir a situação clínica do jogador Bruno Moraes! Anedótico.
O que dizer da sua actuação com o dr. Hermínio Loureiro? «Judaico», pois ameaçou-o no início da negociação do Contrato Colectivo de Trabalho e depois meteu o «rabinho entre as pernas» e nem sequer todos os parceiros iniciais têm conhecimento das reuniões que mantém com o mesmo!
A FIFA é a mesma em relação à qual os poucos filiados que tem recorrem, quando entendem, para salvaguarda dos seus direitos e que faz questão de se mostrar solidário! Logo, ignorância é referir que “nenhuma instituição… está acima da ordem jurídica portuguesa”.
Mas a ignorância irá tão longe que rejeitará, para os seus, os benefícios do Acórdão Bosman? Do Acórdão Malaja? Do Acórdão Webster? Até o Acórdão «Zé Tó» prometia ser o porta-estandarte da revolução no futebol profissional…
Conversa! Nesta história, o único refém de algo é o presidente do Sindicato, pois vive à custa do futebol, é profissional do futebol, e, além do sustento que o futebol lhe dá, nenhum outro rendimento ou actividade lhe são conhecidas! Tão probo, honesto, íntegro e sério, aceite o desafio e seja presidente da Associação Nacional do Jogadores Não Profissionais de Futebol e exerça o cargo sem remuneração, ou, então, venha para as associações trabalhar para saber o que estas fazem, mas sem hipocrisias, tem que trabalhar como eu e todos os dirigentes deste futebol: de borla! Veremos, então, quem é suspeito, hipócrita e irresponsável no futebol português.
O que diriam os portugueses se a UGT ou CGTP tivessem assento na Assembleia da Republica? Já agora, quem representa os jogadores dos campeonatos não profissionais? Os de futsal? Os de futebol de praia? Com legitimidade se arroga representante da classe de jogadores?
Quantos são filiados no seu Sindicato? Já que tanto se fala em Espanha… Aliás, dizendo a lei que os jogadores serão representados por associações, será legal o Sindicato ter assento na Assembleia Geral da FPF? Na AG da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, onde tem assento o futebol profissional? Ou no sítio que merece e de onde nunca deveria ter saído? Nesta altura, só faltava mesmo desabrochar a corrente dos «Angelistas».
Nota do autor: O presente artigo constitui para substancial do exercício de Direito de Resposta que subscrevi, relativo à entrevista dada pelo sr. presidente do SJPF, no 5 de Março do corrente ano, e que até à data ficou na gaveta, sem publicação. Bem me avisou um velho amigo, que conhece os meandros do futebol.
Jerry Silva, vice-presidente da Direcção da AF Porto, escreve semanalmente em O Norte Desportivo
terça-feira, 11 de março de 2008
Bastonário dos advogados cáustico
Quase dois meses depois de ter alargado o quadro social com a admissão de duas rotárias – Alexandra Ribeiro e Benilde Teixeira –, numa cerimónia que contou com a presença do Governador do Distrito 1970, Bernardino Pereira, o Ratory Club Gaia-Sul promoveu, no passado dia 6, um evento que não podia ter mais actualidade: uma palestra em Gaia proferida pelo bastonário da Ordem dos Advogados, subordinada ao tema «O Estado da Justiça em Portugal». As conclusões são inequívocas: “Se a justiça não está bem, o País não pode estar bem”, defende Marinho Pinto.
Mesmo debaixo da alçada do Conselho Superior (CS) da Ordem dos Advogados, que lhe instaurou um procedimento disciplinar em virtude de uma queixa apresentada pelos advogados da Casa Pia por declarações do bastonário sobre o processo que está em fase de julgamento, Marinho Pinto não deixa de dizer o que lhe vai na alma.
Aliás, à entrada para o jantar do Rotary Club Gaia-Sul, no passado dia 6, na Arrábida, em que era convidado de honra da organização presidida por Francisco Espinhaço, também advogado de profissão, o sucessor de Rogério Alves na liderança da OA deu logo o mote: “Há muitos retrocessos nas liberdades e é preciso combater com respeito e pedagogia uma cultura retrógada” instalada na Ordem dos Advogados, para que esta seja “uma instituição aberta à modernidade, à liberdade de expressão e à Democracia, o que hoje não acontece”.
Uma vez mais, Marinho Pinto não esteve com «papas na língua». E, antes de o jantar com rotários do distrito do Porto começar, disse ao que ia: apontar, com a coragem que lhe é reconhecida, o que está mal na Justiça em Portugal. O «aperitivo» parece ter aberto o apetite dos rotários, que, na casa dos oito dezenas, ficaram do princípio ao fim a ouvir Marinho Pinto.
E, no fim, ainda o interpelaram, a maior parte dos quais rendida às opiniões de um bastonário que, para Francisco Espinhaço, já ficou na história da Ordem, ou não tivesse sido o bastonário que mais votos alguma vez teve numa eleição para o representante dos advogados junto dos órgãos de soberania.
Por razões bem distintas da reunião 882, a primeira do ano de 2008, a 889 do Rotary Club Gaia-Sul também foi de festa. E de discussão. Em torno de um dos pilares do Estado de direito: a Justiça. Antes, cumprido o ritual rotário de apresentação da mesa, composta não apenas pelo bastonário e por Francisco Espinhaço, como também por Irene Espinhaço, Mário Fontemanha, vereador da Câmara em representação de Luís Filipe Menezes, Teresa Fraga, governadora assistente do governador do Distrito 1970, Guilherme Figueiredo e Elisabete Granjeira, presidente e vice-presidente do Conselho Distriral da Ordem dos Advogados, respectivamente, o presidente do Conselho Director deu as boas-vindas a todos os rotários e, findo o jantar, abriu mesmo as hostilidades, ao considerar que, “quando falha a justiça, falha tudo”. O mote estava dado.
Nascido há 58 anos na freguesia de Vila Chã, no concelho de Amarante, António Marinho e Pinto foi directo ao que o trouxe a Gaia: “O que venho dizer é que a Justiça tem de assentar em três pilares fundamentais: nos juízes que dizem o Direito – função jurisdicional –, no Ministério Público, representante dos interesses do Estado na administração da Justiça, quer enquanto titulares exclusivos da acção penal, quer enquanto garante da legalidade democrática, e ainda na representação dos cidadãos, cuja função cabe aos advogados e é, provavelmente, a mais importante de todas”. As três, fez questão de deixar claro, “têm a mesma dignidade jurídica”.
O primeiro alvo do bastonário foram os juízes e os tribunais, com Marinho Pinto a considerar que “tudo nos tribunais está organizado em função dos privilégios e comodidades de quem lá trabalha”, o que se traduz numa “cultura de arrogância e de prepotência que maltrata os cidadãos”. Para Marinho Pinto, o diagnóstico está feito: “A justiça não tem donos, mas servidores”.
Outro “grave problema” que, segundo Marinho Pinto, corre o risco de se verificar em Portugal é o fenómeno da desjudicialização da Justiça, em virtude de uma selvática tendência do Estado para “entregar tudo a privados”, como aconteceu, por exemplo, com a acção executiva. O bastonário não tem dúvidas: “Hoje, em Portugal, não se cobra uma dívida, a não ser quem tenha muito dinheiro”.
Ainda para o sucessor de Rogério Alves na liderança da OA, a criação dos Julgados de Paz vem na esteira da lógica seguida pelo Estado de “afastar os advogados da administração da Justiça”, por razões que o bastonário considera serem “primárias e economicistas”.
Depois de condenar o clima existente entre as duas polícias em Portugal, a de investigação criminal e a de segurança, que “se digladiam”, Marinho Pinto socorreu-se da História para defender que “está legalizada a tortura em Portugal, como a inquisição”, numa alusão ao processo relativo a Leonor Cipriano, mãe da menina algarvia de 12 anos que desapareceu em 2004, vítima de agressões que vão ser julgadas em tribunal e que implicam cinco inspectores da Polícia Judiciária que investigaram o caso, um dos quais o ex-coordenador da investigação criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral, afastado do cargo em virtude de declarações proferidas no âmbito do «Caso Maddie». “Quem está preso? Os pobres”, declarou.
E, quando da plateia lhe perguntaram o que mudaria em primeiro lugar se tivesse o condção de desviar o rumo aos acontecimentos em Portugal, Marinho Pinto foi peremptório: “Se tivesse uma varinha mágica, talvez interroga-se este povo. Somos um povo de grandezas e misérias. Mas, como dizia Guerra Junqueiro, já nem com as orelhas somos capaz de sacudir as moscas. Não há um acto de revolta popular e democrática”, lamentou.
De volta à Justiça, o bastonário da Ordem dos Advogados não hesitaria em “acabar com o Centro de Estudos Judiciários”, mais do que convencido de que o CEJ “não forma magistrados, mas majestades”. Sem «papas na língua», Marinho Pinto defendeu também uma “cultura de responsabilidade dos magistrados”, por considerar que “não pode haver República sem responsabilidade judicial”.
Em jeito de despedida, o bastonário denunciou ainda o “clima de medo” que se vive na “sociedade portuguesa”, o qual classificou mesmo de “o principal inimigo da mudança” que se impõe, disposto a dar o exemplo e a fazer uso de um direito que nem a PIDE conseguiu calar: o direito à liberdade de expressão.
Ainda antes de o presidente do Conselho Consultor dar por terminada a reunião dos rotários, o Rotary Club Gaia-Sul ofereceu uma lembrança a Marinho Pinto pela passagem por Gaia, entregando ao bastonário dos advogados uma estatueta símbolo da caridade, ou Gaia não fosse a capital da estatuária em Portugal.
Mesmo debaixo da alçada do Conselho Superior (CS) da Ordem dos Advogados, que lhe instaurou um procedimento disciplinar em virtude de uma queixa apresentada pelos advogados da Casa Pia por declarações do bastonário sobre o processo que está em fase de julgamento, Marinho Pinto não deixa de dizer o que lhe vai na alma.
Aliás, à entrada para o jantar do Rotary Club Gaia-Sul, no passado dia 6, na Arrábida, em que era convidado de honra da organização presidida por Francisco Espinhaço, também advogado de profissão, o sucessor de Rogério Alves na liderança da OA deu logo o mote: “Há muitos retrocessos nas liberdades e é preciso combater com respeito e pedagogia uma cultura retrógada” instalada na Ordem dos Advogados, para que esta seja “uma instituição aberta à modernidade, à liberdade de expressão e à Democracia, o que hoje não acontece”.
Uma vez mais, Marinho Pinto não esteve com «papas na língua». E, antes de o jantar com rotários do distrito do Porto começar, disse ao que ia: apontar, com a coragem que lhe é reconhecida, o que está mal na Justiça em Portugal. O «aperitivo» parece ter aberto o apetite dos rotários, que, na casa dos oito dezenas, ficaram do princípio ao fim a ouvir Marinho Pinto.
E, no fim, ainda o interpelaram, a maior parte dos quais rendida às opiniões de um bastonário que, para Francisco Espinhaço, já ficou na história da Ordem, ou não tivesse sido o bastonário que mais votos alguma vez teve numa eleição para o representante dos advogados junto dos órgãos de soberania.
Por razões bem distintas da reunião 882, a primeira do ano de 2008, a 889 do Rotary Club Gaia-Sul também foi de festa. E de discussão. Em torno de um dos pilares do Estado de direito: a Justiça. Antes, cumprido o ritual rotário de apresentação da mesa, composta não apenas pelo bastonário e por Francisco Espinhaço, como também por Irene Espinhaço, Mário Fontemanha, vereador da Câmara em representação de Luís Filipe Menezes, Teresa Fraga, governadora assistente do governador do Distrito 1970, Guilherme Figueiredo e Elisabete Granjeira, presidente e vice-presidente do Conselho Distriral da Ordem dos Advogados, respectivamente, o presidente do Conselho Director deu as boas-vindas a todos os rotários e, findo o jantar, abriu mesmo as hostilidades, ao considerar que, “quando falha a justiça, falha tudo”. O mote estava dado.
Nascido há 58 anos na freguesia de Vila Chã, no concelho de Amarante, António Marinho e Pinto foi directo ao que o trouxe a Gaia: “O que venho dizer é que a Justiça tem de assentar em três pilares fundamentais: nos juízes que dizem o Direito – função jurisdicional –, no Ministério Público, representante dos interesses do Estado na administração da Justiça, quer enquanto titulares exclusivos da acção penal, quer enquanto garante da legalidade democrática, e ainda na representação dos cidadãos, cuja função cabe aos advogados e é, provavelmente, a mais importante de todas”. As três, fez questão de deixar claro, “têm a mesma dignidade jurídica”.
O primeiro alvo do bastonário foram os juízes e os tribunais, com Marinho Pinto a considerar que “tudo nos tribunais está organizado em função dos privilégios e comodidades de quem lá trabalha”, o que se traduz numa “cultura de arrogância e de prepotência que maltrata os cidadãos”. Para Marinho Pinto, o diagnóstico está feito: “A justiça não tem donos, mas servidores”.
Outro “grave problema” que, segundo Marinho Pinto, corre o risco de se verificar em Portugal é o fenómeno da desjudicialização da Justiça, em virtude de uma selvática tendência do Estado para “entregar tudo a privados”, como aconteceu, por exemplo, com a acção executiva. O bastonário não tem dúvidas: “Hoje, em Portugal, não se cobra uma dívida, a não ser quem tenha muito dinheiro”.
Ainda para o sucessor de Rogério Alves na liderança da OA, a criação dos Julgados de Paz vem na esteira da lógica seguida pelo Estado de “afastar os advogados da administração da Justiça”, por razões que o bastonário considera serem “primárias e economicistas”.
Depois de condenar o clima existente entre as duas polícias em Portugal, a de investigação criminal e a de segurança, que “se digladiam”, Marinho Pinto socorreu-se da História para defender que “está legalizada a tortura em Portugal, como a inquisição”, numa alusão ao processo relativo a Leonor Cipriano, mãe da menina algarvia de 12 anos que desapareceu em 2004, vítima de agressões que vão ser julgadas em tribunal e que implicam cinco inspectores da Polícia Judiciária que investigaram o caso, um dos quais o ex-coordenador da investigação criminal da PJ de Portimão, Gonçalo Amaral, afastado do cargo em virtude de declarações proferidas no âmbito do «Caso Maddie». “Quem está preso? Os pobres”, declarou.
E, quando da plateia lhe perguntaram o que mudaria em primeiro lugar se tivesse o condção de desviar o rumo aos acontecimentos em Portugal, Marinho Pinto foi peremptório: “Se tivesse uma varinha mágica, talvez interroga-se este povo. Somos um povo de grandezas e misérias. Mas, como dizia Guerra Junqueiro, já nem com as orelhas somos capaz de sacudir as moscas. Não há um acto de revolta popular e democrática”, lamentou.
De volta à Justiça, o bastonário da Ordem dos Advogados não hesitaria em “acabar com o Centro de Estudos Judiciários”, mais do que convencido de que o CEJ “não forma magistrados, mas majestades”. Sem «papas na língua», Marinho Pinto defendeu também uma “cultura de responsabilidade dos magistrados”, por considerar que “não pode haver República sem responsabilidade judicial”.
Em jeito de despedida, o bastonário denunciou ainda o “clima de medo” que se vive na “sociedade portuguesa”, o qual classificou mesmo de “o principal inimigo da mudança” que se impõe, disposto a dar o exemplo e a fazer uso de um direito que nem a PIDE conseguiu calar: o direito à liberdade de expressão.
Ainda antes de o presidente do Conselho Consultor dar por terminada a reunião dos rotários, o Rotary Club Gaia-Sul ofereceu uma lembrança a Marinho Pinto pela passagem por Gaia, entregando ao bastonário dos advogados uma estatueta símbolo da caridade, ou Gaia não fosse a capital da estatuária em Portugal.
sábado, 8 de março de 2008
Associações ameaçam parar Campeonatos
As associações distritais e regionais de 10 modalidades ameaçaram hoje "parar todas as provas e actividades desportivas de âmbito distrital e regional, nos fins-de-semana de 05 e 06 e de 12 e 13 de Abril", caso seja aprovada a proposta do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD).
Além da paragem competitiva, 35 associações distritais e regionais decidiram, por unanimidade, em plenário nacional, em Fátima, realizar "uma concentração, a nível nacional, do desporto não profissional, junto da Assembleia da República, em Lisboa", caso não sejam "efectuadas as alterações sugeridas".
O presidente da Comissão Delegada das Associações Distritais e Regionais de Futebol, Júlio Vieira, justificou, em Fátima, após o plenário nacional das associações distritais e regionais, a escolha dqueles fins-de-semana para uma possível paragem, por serem as datas posteriores à "decisão que eventualmente seja tomada a 17 de Março", em reunião do Conselho Nacional do Desporto (CND).
"Se calhar devíamos era parar a nossa actividade definitivamente até que fosse encontrado um projecto de Regime Jurídico que se adaptasse à realidade desportiva do país, mas, como somos pessoas responsáveis, obviamente temos de ter respeito pelos nossos clubes para podermos concluir os campeonatos da época 2007/08", sublinhou.
Em caso de paragem dos campeonatos distritais e regionais, as associações estimam que isso iria afectar cerca de 135.000 praticantes de futebol, enquanto o total de todas as modalidades atinge os 300.000.
sexta-feira, 7 de março de 2008
O que é o Google Reader?
O Google Reader é uma aplicação na Internet, disponibilizada pela Google, que tem como função a leitura e visualização de feeds.
Em suma, o Google Reader permite aceder às notícias à escala mundial de uma forma fácil e concentrada, à distância de um simples click.
Em suma, o Google Reader permite aceder às notícias à escala mundial de uma forma fácil e concentrada, à distância de um simples click.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Anabela gostava de cantar em Timor
ANABELA QUER VOLTAR A GRAVAR, MAS, PARA JÁ, SÓ TEM OLHOS PARA MUSICAIS
Sinto-me feliz assim
Católica, não vai à missa, mas marca, não raras vezes, presença na igreja, principalmente antes das estreias dos espectáculos. Quando entra em palco, benze-se, mas não é supersticiosa. Não fuma, é apartidária e gosta de futebol. Adepta do Sporting, torce também pela Selecção Nacional, de cachecol ao pescoço nos estádios de futebol. Aos 32 anos, é já uma certeza do teatro musical português, mas foi ainda com 16 anos que, como confessa ao AUDIÊNCIA, partiu a loiça, quando, em 1993, passou a ser conhecida do grande público com a vitória no Festival RTP da Canção. Década e meia depois, Anabela é «Maria» no musical de Filipe La Féria, o quarto que faz desde o baptismo com «Jasmim ou o Sonho do Cinema», numa aposta que, assume, “é para manter”. Sem gravar há três anos – o último trabalho chamava-se Aeter –, Anabela não perde de vista a oportunidade de lançar um novo disco, o que deve acontecer quando «Música no Coração» chegar ao fim no sempre esgotado Teatro Rivoli. “Estou a começar a reunir repertório e a ver qual a sonoridade que quero”, levanta a ponta do véu a cantora/actriz, deixando ainda descair que o novo projecto “talvez tenha um cheirinho a Fado”. “Feliz” por se manter em actividade “com um ritmo de espectáculos que não é nada comum em Portugal”, mergulhado numa crise que asfixia a iniciativa cultural, Anabela dá graças a Deus por se ter cruzado com Filipe La Féria há mais de 15 anos, quando ainda achava que “o Fado era para velhos”, quase considerado um pai para a também psicológica que "gostava de cantar em Timor", ou de abraçar uma causa humanitária num qualquer pais de expressão portuguesa.
Por Jorge Carvalho
É a primeira vez que faz um musical no Porto?
Não. A primeira vez foi com ‘My Fair Lady’, no Coliseu. É, portanto, a segunda vez, mas está a ser diferente, porque estou a viver no coração do Porto. Da última vez, fiquei em Santa Maria da Feira e não tinha tanto contacto com as pessoas do Porto como agora.
Conhecem-na na rua?
Conhecem.
Mais do que em Lisboa?
Julgo que sim. Pelo menos, abordam-me mais vezes do que em Lisboa.
Também acha que o musical está melhor no Porto do que em Lisboa?
Acho que o espectáculo está, de facto, diferente. Se calhar, para melhor. O elenco também é diferente. Houve aspectos que foram mais valorizados, nomeadamente no segundo acto.
Está mais refinado?
Está. Mas, em Lisboa, também havia coisas de que gostava muito. Do meu ponto de vista, o espectáculo está mais emotivo no Porto.
Há mesmo uma versão do Porto e outra de Lisboa?
Houve, de facto, alterações no espectáculo de Lisboa para o Porto. Não foram muitas, mas as introduzidas valorizaram a peça.
O público do Porto também já se rendeu?
Tem corrido muito bem, de facto. Foram muitas pessoas do Porto a Lisboa ver o musical e fico surpreendida ao constatar que os espectáculos estão sempre esgotados. Para os actores, não há nada melhor do que ter o Rivoli com sala cheia.
Veio mesmo para o teatro para ficar?
É uma aposta para manter. Já trabalho com o Filipe La Féria há 15 anos. Comecei na ‘Grande Noite’, na televisão, e fiz ainda ‘Jasmim ou o Sonho do Cinema’, um musical infantil, ‘Amália’, quando a peça se estreou no Funchal - em Lisboa, já não participei -, ‘My Fair Lady’, ‘Canção de Lisboa’ e ‘Música no Coração’.
Prefere o teatro à música?
Nos últimos tempos, tenho estado mais envolvida em projectos de teatro. A nível individual, por exemplo, o meu último disco, que se chama Aeter, foi lançado em 2005. Não gravo nada há três anos, mas já estou a começar a pensar num disco novo.
Também a solo?
Sim. O teatro parece, de facto, estar sempre em primeiro lugar.
E não está?
Inevitavelmente, está. Tenho sido sempre convidada pelo Filipe La Féria e o teatro absorve o tempo todo. Não sobra nada para dar à minha carreira enquanto cantora. Mas sinto-me feliz assim. Não estou, de maneira nenhuma, insatisfeita por não ter mais êxito como cantora, por exemplo.
Afinal, assume-se como actriz, ou cantora?
Assumo-me como cantora. Mas, logicamente, o meu trabalho tem sido de actriz. Agora, em primeiro lugar, está a cantora e, depois, a actriz.
E é mais conhecida como actriz?
Apesar de tudo, julgo que sou mais conhecida como cantora.
Porquê?
Porque as pessoas ainda me vêem como a miúda que ganhou o Festival da Canção. E, nos musicais, também canto, razão pela qual a minha imagem está fortemente marcada pela música.
E pelo Festival da Canção.
Foi o momento em que o grande público passou a conhecer-me. Tornei-me, de facto, popular. A música foi um fenómeno. Ainda hoje se canta. Portanto, estarei sempre ligada ao Festival da Canção. Foi o meu trampolim.
O que vai ser o novo projecto a solo?
Estou ainda a começar a reunir repertório e a ver qual a sonoridade que quero. Não vale a pena estar a adiantar mais.
Vai ter Fado?
Talvez tenha um cheirinho de Fado. Mas não será só Fado. Vai partir muito do repertório e da sonoridade, que não estão sequer definidos.
Quando vai ser lançado?
Não faço ideia.
Será sempre depois do fim de «Música no Coração»?
Sim. Só vou dedicar-me ao disco quando acabar a minha participação no musical.
Qual dos musicais mais gostou de fazer?
Fiz musicais muito diferentes, mas o ‘My Fair Lady’ deu-me um especial prazer. Não tinha praticamente experiência nenhuma de representação e o papel era muito exigente. Foram três meses de muito trabalho, mas acho que consegui evoluir como actriz. E era muito divertido. Para mim, foi dos espectáculos mais bonitos que o Filipe La Féria fez.
Musicais, só mesmo com La Féria?
Não há praticamente mais ninguém a fazê-los.
E devia?
Devia. Com o ritmo do Filipe La Féria e com a dimensão dos seus espectáculos, não há ninguém em Portugal. Neste momento, tem quatro peças em palco ao mesmo tempo. É obra. Não há coragem, nem dinheiro para outros se aventurarem.
Por falta de apoios?
É uma coisa dramática para os artistas. A nível cultural, não tenho esperanças de que isto mude. Julgo mesmo que a tendência será para piorar. O dinheiro para a Cultura é cada vez menos. São tudo produções de baixo custo. Só posso mesmo agradecer a Deus e a todos os que me apoiaram, nomeadamente ao Filipe La Féria, que me tem permitido manter em actividade com um ritmo de espectáculos que não é nada comum em Portugal.
Filipe La Féria é como um pai para si?
Não. Graças a Deus, ainda tenho pai. Para mim, Filipe La Féria é um génio. Foi alguém que me ensinou muito e apostou em mim. Foi, indiscutivelmente, a pessoa que mais me ensinou a fazer teatro. Tudo o que sei de teatro devo-o a ele. Conhece-me muito bem. É alguém fundamental na minha carreira. Genial, com quem dá prazer trabalhar. Tem uma criatividade sem limites. E uma grande paixão pelo teatro. Ele ama o que faz. Filipe La Féria é único.
Está a construir a carreira que sempre quis?
Nunca pensei muito nisso. Já quando era miúda, gostava muito de representar, mas nunca tive oportunidade de experimentar, mesmo num teatro amador. Fui cantando e gravando até aparecer o Filipe La Féria, que me puxou para o teatro. O ‘Jasmim ou o Sonho do Cinema’ foi o primeiro espectáculo em que participei. Foi giro. Tinha 16 anos e apareci no meio de gente adulta e com provas mais do que dadas. Cheguei e parti a loiça. As pessoas mais velhas têm um grande apreço por mim. Ainda hoje, têm um carinho por mim que me enche de orgulho. Parece que não me vêem crescer. Sinto-me uma privilegiada. A realização que tenho diariamente de poder cantar, de poder representar e de poder ganhar dinheiro com a minha voz é um privilégio. Assim como é um privilégio fazer um espectáculo com a grandeza de ‘Música no Coração’. O resto é triste, mas é o que Portugal tem para dar.
Antes de fazer «My Fair Lady», quase desapareceu. Porquê?
Andei dois anos e meio em ‘tournée’. Fiz uma digressão mundial com o Carlos Nuñez, que chegou a estar no top com um tema em que eu também cantava. Por isso, durante dois anos e meio, não cantei cá. Ia todos os fins-de-semana para Madrid, Barcelona, Austrália, Bélgica, ou Alemanha.
Gostou da experiência?
Adorei. Foi uma experiência única.
E tirou dividendos comerciais da presença no mercado espanhol?
Acho que não aproveitei.
Porquê?Porque o Filipe La Féria convidou-me para fazer o ‘My Fair Lady’ e eu aceitei. Se o disco tivesse saído na altura em Espanha, as pessoas já me conheciam e teria sido bom. Não gravei de imediato - só o fiz em 2005 - e a oportunidade perdeu-se. Ainda fiz quatro espectáculos em Espanha, mas, se fosse logo a seguir ao sucesso que tive com o Carlos Nuñez, teria tido mais força.
Gostava de repetir?
Gostava.
Quem mais admira na música?
O primeiro artista que comecei a ouvir foi Roberto Carlos. Adorava-o. Ouvia ainda Zeca Afonso, Rui Veloso, Nela Deira, Dulce Pontes. E também Xutos e Pontapés, que era o que se ouvia na altura. Não é uma referência, mas gosto. E também gosto muito de Sétima Legião.
E estrangeiros?Gosto de Harold Fitzerald, Sarah Vaughn e Sting.
Sempre gostou de Fado?
Não. Quando era miúda, achava que o Fado era para velhos. Mas, quando comecei a contactar com fadistas e com o mundo do Fado, apaixonei-me.
Foi por acaso que se cruzou com o Fado?
Foi. Tinha 12 anos e a minha mãe levou-me à ‘Grande Noite do Fado’, em 1989, porque era um grande acontecimento na altura e alguém podia reparar em mim. Fui e ganhei.
E não queria ir?
Não. Fui quase obrigada. Mas ainda bem que fui. Comecei a gravar discos e nunca mais parei. E conheci fadistas como Fernando Maurício, ou Amália.
Conviveu com Amália?
Conheci apenas. Não frequentei a casa.
E interpretou-a.
Adorei.
Sentiu-se Amália?Um bocado. É muito difícil interpretar uma personalidade como Amália. Mas acho que correu bem. As pessoas emocionavam-se.
Viu ‘Jesus Cristo Superstar’?
Vi. Em Lisboa.
O que achou?
Dizem que estava melhor no Porto. Mas gostei.
Nunca fez cinema?
Não. E, em novelas, tive apenas uma pequena participação, em ‘As Cinzas’. Tinha 13 anos. Gostava muito de voltar. É um mundo giro, diferente do teatro. Ainda que obrigue a sacrifícios muito grandes. É outra escola.
Sente-se ainda uma promessa ou já uma certeza no panorama musical e do teatro?
Acho que já fiz alguma coisa. Claro que sinto que tenho ainda muito para fazer e para evoluir, mas considero-me alguém que já tem trabalho feito. Nesse sentido, já não tenho nada a provar. Agora, temos sempre necessidade de provar alguma coisa, nem que seja que estamos vivos e que temos capacidade. Mais importante, para mim, é estar sempre a ultrapassar-me e a surpreender-me. No meu tempo, tudo tinha a ver com o valor das pessoas. Hoje em dia, tem mais a ver com a máquina e com a produção. Qualquer pessoa pode gravar um disco. Hoje, as pessoas são bombardeadas com aquilo que se quer vender, quando, antigamente, era o público que pedia.
Não tem medo de perder a voz?
Não. Mas, se perder, o curso de Psicologia que tirei há-de servir para alguma coisa. Ou, então, vou aprender outra coisa qualquer.
Não está a pensar exercer?
Quem sabe? Acabei o curso em 2001, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa, mas nunca exerci. Agora, sempre quis ser psicóloga. Fui sempre muito observadora e gostava de estudar o comportamento humano. E de ouvir as pessoas e os seus problemas. Na Faculdade, fiquei a perceber que as coisas são mais complexas do que aquilo que eu pensava. Mas sempre tive este lado humanista. Via-me perfeitamente envolvida numa causa humanitária em Angola, ou Timor.
Nunca cantou em Timor?
Não. Mas gostava.
E no Brasil?
Também não. Só cantei em Moçambique e em África do Sul. E na Europa.
DIFERENÇA(S)
Público do Norte é mais verdadeiro
O que mais gosta no Norte?
As pessoas. São afectuosas e hospitaleiras. Gostam de comunicar e conversar. Por exemplo, conversa-se mais no Porto do que em Lisboa. Gosto também da comida. Das paisagens. E do Minho.
Nota diferenças quando actua no Porto, ou em Lisboa?
Com ‘Música no Coração’, não sinto muito, mas, com ‘My Fair Lady’, sentia. A grande diferença é que o público do Norte é muito mais verdadeiro. Se não gosta, não gosta. Mas é muito mais efusivo quando gosta muito.
É de extremos?
Exactamente. Mas já não é novidade para mim. Adoro lisboetas, alentejanos, portuenses… Acho que Portugal é rico pela sua diversidade cultural.
ADEPTA
Estou sempre disponível a ajudar o Sporting
É verdade que gosta de futebol?
É. Sou sportinguista.
E vai ao estádio?
Quando posso, vou.
Também vê a Selecção Nacional?
Vejo. O Sporting não está acima da Selecção Nacional, que representa o meu País.
É adepta, ou mesmo associada do Sporting?
Sou só adepta. Mas tenho dois lugares reservados no Estádio de Alvalade. E porquê? Porque gravei um ‘spot’ promocional para o Sporting. Estarei sempre disponível para ajudar o Sporting.
MOMENTOS
A fé, a igreja e a solidão
Consegue ter vida pessoal?
O lado pessoal fica quase sempre em segundo plano, porque a vida profissional que levo absorve todo o tempo de que disponho, principalmente em período de ensaios. É mesmo raro estar com a família, ou com os amigos. Depois, as coisas acabam por voltar à normalidade. É fundamental estar com a minha família e com os meus amigos. Em termos de relação amorosa, as coisas também não são fáceis, porque nunca paro. Estou a fazer uma coisa e logo a seguir vem outra. Acabo sempre por dar prioridade ao trabalho. Mas tenho a certeza de que chegará o dia em que eu, quando quiser mesmo, vou saber parar.
Não teme a solidão?
Toda a gente teme a solidão. Também tenho momentos de solidão. Temos é que saber geri-los. Por exemplo, gosto de estar sozinha, mas não me sinto só.
Sente necessidade de se isolar?
Gosto de estar sozinha, comigo.
Tem fé?
Tenho.
É católica?
Sou. Mas não pratico. Tenho a minha fé. Não vou à missa, mas gosto de ir a uma igreja.
Antes dos espectáculos?
Não. Às vezes, vou antes de uma estreia.
É supersticiosa?
Não.
Não se benze antes de entrar em palco?
Benzo. Gosto também de orar.
Fuma?
Não.
E também não se mete na política?
Não. Estou apenas atenta às políticas do Governo. Sou apartidária. Estou atenta ao que se vai fazendo e às facadas que nos vão dando.
Era capaz de fazer greve?
Temos uma classe muito pouco unida. Não nos unimos para nada.
Sinto-me feliz assim
Católica, não vai à missa, mas marca, não raras vezes, presença na igreja, principalmente antes das estreias dos espectáculos. Quando entra em palco, benze-se, mas não é supersticiosa. Não fuma, é apartidária e gosta de futebol. Adepta do Sporting, torce também pela Selecção Nacional, de cachecol ao pescoço nos estádios de futebol. Aos 32 anos, é já uma certeza do teatro musical português, mas foi ainda com 16 anos que, como confessa ao AUDIÊNCIA, partiu a loiça, quando, em 1993, passou a ser conhecida do grande público com a vitória no Festival RTP da Canção. Década e meia depois, Anabela é «Maria» no musical de Filipe La Féria, o quarto que faz desde o baptismo com «Jasmim ou o Sonho do Cinema», numa aposta que, assume, “é para manter”. Sem gravar há três anos – o último trabalho chamava-se Aeter –, Anabela não perde de vista a oportunidade de lançar um novo disco, o que deve acontecer quando «Música no Coração» chegar ao fim no sempre esgotado Teatro Rivoli. “Estou a começar a reunir repertório e a ver qual a sonoridade que quero”, levanta a ponta do véu a cantora/actriz, deixando ainda descair que o novo projecto “talvez tenha um cheirinho a Fado”. “Feliz” por se manter em actividade “com um ritmo de espectáculos que não é nada comum em Portugal”, mergulhado numa crise que asfixia a iniciativa cultural, Anabela dá graças a Deus por se ter cruzado com Filipe La Féria há mais de 15 anos, quando ainda achava que “o Fado era para velhos”, quase considerado um pai para a também psicológica que "gostava de cantar em Timor", ou de abraçar uma causa humanitária num qualquer pais de expressão portuguesa.
Por Jorge Carvalho
É a primeira vez que faz um musical no Porto?
Não. A primeira vez foi com ‘My Fair Lady’, no Coliseu. É, portanto, a segunda vez, mas está a ser diferente, porque estou a viver no coração do Porto. Da última vez, fiquei em Santa Maria da Feira e não tinha tanto contacto com as pessoas do Porto como agora.
Conhecem-na na rua?
Conhecem.
Mais do que em Lisboa?
Julgo que sim. Pelo menos, abordam-me mais vezes do que em Lisboa.
Também acha que o musical está melhor no Porto do que em Lisboa?
Acho que o espectáculo está, de facto, diferente. Se calhar, para melhor. O elenco também é diferente. Houve aspectos que foram mais valorizados, nomeadamente no segundo acto.
Está mais refinado?
Está. Mas, em Lisboa, também havia coisas de que gostava muito. Do meu ponto de vista, o espectáculo está mais emotivo no Porto.
Há mesmo uma versão do Porto e outra de Lisboa?
Houve, de facto, alterações no espectáculo de Lisboa para o Porto. Não foram muitas, mas as introduzidas valorizaram a peça.
O público do Porto também já se rendeu?
Tem corrido muito bem, de facto. Foram muitas pessoas do Porto a Lisboa ver o musical e fico surpreendida ao constatar que os espectáculos estão sempre esgotados. Para os actores, não há nada melhor do que ter o Rivoli com sala cheia.
Veio mesmo para o teatro para ficar?
É uma aposta para manter. Já trabalho com o Filipe La Féria há 15 anos. Comecei na ‘Grande Noite’, na televisão, e fiz ainda ‘Jasmim ou o Sonho do Cinema’, um musical infantil, ‘Amália’, quando a peça se estreou no Funchal - em Lisboa, já não participei -, ‘My Fair Lady’, ‘Canção de Lisboa’ e ‘Música no Coração’.
Prefere o teatro à música?
Nos últimos tempos, tenho estado mais envolvida em projectos de teatro. A nível individual, por exemplo, o meu último disco, que se chama Aeter, foi lançado em 2005. Não gravo nada há três anos, mas já estou a começar a pensar num disco novo.
Também a solo?
Sim. O teatro parece, de facto, estar sempre em primeiro lugar.
E não está?
Inevitavelmente, está. Tenho sido sempre convidada pelo Filipe La Féria e o teatro absorve o tempo todo. Não sobra nada para dar à minha carreira enquanto cantora. Mas sinto-me feliz assim. Não estou, de maneira nenhuma, insatisfeita por não ter mais êxito como cantora, por exemplo.
Afinal, assume-se como actriz, ou cantora?
Assumo-me como cantora. Mas, logicamente, o meu trabalho tem sido de actriz. Agora, em primeiro lugar, está a cantora e, depois, a actriz.
E é mais conhecida como actriz?
Apesar de tudo, julgo que sou mais conhecida como cantora.
Porquê?
Porque as pessoas ainda me vêem como a miúda que ganhou o Festival da Canção. E, nos musicais, também canto, razão pela qual a minha imagem está fortemente marcada pela música.
E pelo Festival da Canção.
Foi o momento em que o grande público passou a conhecer-me. Tornei-me, de facto, popular. A música foi um fenómeno. Ainda hoje se canta. Portanto, estarei sempre ligada ao Festival da Canção. Foi o meu trampolim.
O que vai ser o novo projecto a solo?
Estou ainda a começar a reunir repertório e a ver qual a sonoridade que quero. Não vale a pena estar a adiantar mais.
Vai ter Fado?
Talvez tenha um cheirinho de Fado. Mas não será só Fado. Vai partir muito do repertório e da sonoridade, que não estão sequer definidos.
Quando vai ser lançado?
Não faço ideia.
Será sempre depois do fim de «Música no Coração»?
Sim. Só vou dedicar-me ao disco quando acabar a minha participação no musical.
Qual dos musicais mais gostou de fazer?
Fiz musicais muito diferentes, mas o ‘My Fair Lady’ deu-me um especial prazer. Não tinha praticamente experiência nenhuma de representação e o papel era muito exigente. Foram três meses de muito trabalho, mas acho que consegui evoluir como actriz. E era muito divertido. Para mim, foi dos espectáculos mais bonitos que o Filipe La Féria fez.
Musicais, só mesmo com La Féria?
Não há praticamente mais ninguém a fazê-los.
E devia?
Devia. Com o ritmo do Filipe La Féria e com a dimensão dos seus espectáculos, não há ninguém em Portugal. Neste momento, tem quatro peças em palco ao mesmo tempo. É obra. Não há coragem, nem dinheiro para outros se aventurarem.
Por falta de apoios?
É uma coisa dramática para os artistas. A nível cultural, não tenho esperanças de que isto mude. Julgo mesmo que a tendência será para piorar. O dinheiro para a Cultura é cada vez menos. São tudo produções de baixo custo. Só posso mesmo agradecer a Deus e a todos os que me apoiaram, nomeadamente ao Filipe La Féria, que me tem permitido manter em actividade com um ritmo de espectáculos que não é nada comum em Portugal.
Filipe La Féria é como um pai para si?
Não. Graças a Deus, ainda tenho pai. Para mim, Filipe La Féria é um génio. Foi alguém que me ensinou muito e apostou em mim. Foi, indiscutivelmente, a pessoa que mais me ensinou a fazer teatro. Tudo o que sei de teatro devo-o a ele. Conhece-me muito bem. É alguém fundamental na minha carreira. Genial, com quem dá prazer trabalhar. Tem uma criatividade sem limites. E uma grande paixão pelo teatro. Ele ama o que faz. Filipe La Féria é único.
Está a construir a carreira que sempre quis?
Nunca pensei muito nisso. Já quando era miúda, gostava muito de representar, mas nunca tive oportunidade de experimentar, mesmo num teatro amador. Fui cantando e gravando até aparecer o Filipe La Féria, que me puxou para o teatro. O ‘Jasmim ou o Sonho do Cinema’ foi o primeiro espectáculo em que participei. Foi giro. Tinha 16 anos e apareci no meio de gente adulta e com provas mais do que dadas. Cheguei e parti a loiça. As pessoas mais velhas têm um grande apreço por mim. Ainda hoje, têm um carinho por mim que me enche de orgulho. Parece que não me vêem crescer. Sinto-me uma privilegiada. A realização que tenho diariamente de poder cantar, de poder representar e de poder ganhar dinheiro com a minha voz é um privilégio. Assim como é um privilégio fazer um espectáculo com a grandeza de ‘Música no Coração’. O resto é triste, mas é o que Portugal tem para dar.
Antes de fazer «My Fair Lady», quase desapareceu. Porquê?
Andei dois anos e meio em ‘tournée’. Fiz uma digressão mundial com o Carlos Nuñez, que chegou a estar no top com um tema em que eu também cantava. Por isso, durante dois anos e meio, não cantei cá. Ia todos os fins-de-semana para Madrid, Barcelona, Austrália, Bélgica, ou Alemanha.
Gostou da experiência?
Adorei. Foi uma experiência única.
E tirou dividendos comerciais da presença no mercado espanhol?
Acho que não aproveitei.
Porquê?Porque o Filipe La Féria convidou-me para fazer o ‘My Fair Lady’ e eu aceitei. Se o disco tivesse saído na altura em Espanha, as pessoas já me conheciam e teria sido bom. Não gravei de imediato - só o fiz em 2005 - e a oportunidade perdeu-se. Ainda fiz quatro espectáculos em Espanha, mas, se fosse logo a seguir ao sucesso que tive com o Carlos Nuñez, teria tido mais força.
Gostava de repetir?
Gostava.
Quem mais admira na música?
O primeiro artista que comecei a ouvir foi Roberto Carlos. Adorava-o. Ouvia ainda Zeca Afonso, Rui Veloso, Nela Deira, Dulce Pontes. E também Xutos e Pontapés, que era o que se ouvia na altura. Não é uma referência, mas gosto. E também gosto muito de Sétima Legião.
E estrangeiros?Gosto de Harold Fitzerald, Sarah Vaughn e Sting.
Sempre gostou de Fado?
Não. Quando era miúda, achava que o Fado era para velhos. Mas, quando comecei a contactar com fadistas e com o mundo do Fado, apaixonei-me.
Foi por acaso que se cruzou com o Fado?
Foi. Tinha 12 anos e a minha mãe levou-me à ‘Grande Noite do Fado’, em 1989, porque era um grande acontecimento na altura e alguém podia reparar em mim. Fui e ganhei.
E não queria ir?
Não. Fui quase obrigada. Mas ainda bem que fui. Comecei a gravar discos e nunca mais parei. E conheci fadistas como Fernando Maurício, ou Amália.
Conviveu com Amália?
Conheci apenas. Não frequentei a casa.
E interpretou-a.
Adorei.
Sentiu-se Amália?Um bocado. É muito difícil interpretar uma personalidade como Amália. Mas acho que correu bem. As pessoas emocionavam-se.
Viu ‘Jesus Cristo Superstar’?
Vi. Em Lisboa.
O que achou?
Dizem que estava melhor no Porto. Mas gostei.
Nunca fez cinema?
Não. E, em novelas, tive apenas uma pequena participação, em ‘As Cinzas’. Tinha 13 anos. Gostava muito de voltar. É um mundo giro, diferente do teatro. Ainda que obrigue a sacrifícios muito grandes. É outra escola.
Sente-se ainda uma promessa ou já uma certeza no panorama musical e do teatro?
Acho que já fiz alguma coisa. Claro que sinto que tenho ainda muito para fazer e para evoluir, mas considero-me alguém que já tem trabalho feito. Nesse sentido, já não tenho nada a provar. Agora, temos sempre necessidade de provar alguma coisa, nem que seja que estamos vivos e que temos capacidade. Mais importante, para mim, é estar sempre a ultrapassar-me e a surpreender-me. No meu tempo, tudo tinha a ver com o valor das pessoas. Hoje em dia, tem mais a ver com a máquina e com a produção. Qualquer pessoa pode gravar um disco. Hoje, as pessoas são bombardeadas com aquilo que se quer vender, quando, antigamente, era o público que pedia.
Não tem medo de perder a voz?
Não. Mas, se perder, o curso de Psicologia que tirei há-de servir para alguma coisa. Ou, então, vou aprender outra coisa qualquer.
Não está a pensar exercer?
Quem sabe? Acabei o curso em 2001, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa, mas nunca exerci. Agora, sempre quis ser psicóloga. Fui sempre muito observadora e gostava de estudar o comportamento humano. E de ouvir as pessoas e os seus problemas. Na Faculdade, fiquei a perceber que as coisas são mais complexas do que aquilo que eu pensava. Mas sempre tive este lado humanista. Via-me perfeitamente envolvida numa causa humanitária em Angola, ou Timor.
Nunca cantou em Timor?
Não. Mas gostava.
E no Brasil?
Também não. Só cantei em Moçambique e em África do Sul. E na Europa.
DIFERENÇA(S)
Público do Norte é mais verdadeiro
O que mais gosta no Norte?
As pessoas. São afectuosas e hospitaleiras. Gostam de comunicar e conversar. Por exemplo, conversa-se mais no Porto do que em Lisboa. Gosto também da comida. Das paisagens. E do Minho.
Nota diferenças quando actua no Porto, ou em Lisboa?
Com ‘Música no Coração’, não sinto muito, mas, com ‘My Fair Lady’, sentia. A grande diferença é que o público do Norte é muito mais verdadeiro. Se não gosta, não gosta. Mas é muito mais efusivo quando gosta muito.
É de extremos?
Exactamente. Mas já não é novidade para mim. Adoro lisboetas, alentejanos, portuenses… Acho que Portugal é rico pela sua diversidade cultural.
ADEPTA
Estou sempre disponível a ajudar o Sporting
É verdade que gosta de futebol?
É. Sou sportinguista.
E vai ao estádio?
Quando posso, vou.
Também vê a Selecção Nacional?
Vejo. O Sporting não está acima da Selecção Nacional, que representa o meu País.
É adepta, ou mesmo associada do Sporting?
Sou só adepta. Mas tenho dois lugares reservados no Estádio de Alvalade. E porquê? Porque gravei um ‘spot’ promocional para o Sporting. Estarei sempre disponível para ajudar o Sporting.
MOMENTOS
A fé, a igreja e a solidão
Consegue ter vida pessoal?
O lado pessoal fica quase sempre em segundo plano, porque a vida profissional que levo absorve todo o tempo de que disponho, principalmente em período de ensaios. É mesmo raro estar com a família, ou com os amigos. Depois, as coisas acabam por voltar à normalidade. É fundamental estar com a minha família e com os meus amigos. Em termos de relação amorosa, as coisas também não são fáceis, porque nunca paro. Estou a fazer uma coisa e logo a seguir vem outra. Acabo sempre por dar prioridade ao trabalho. Mas tenho a certeza de que chegará o dia em que eu, quando quiser mesmo, vou saber parar.
Não teme a solidão?
Toda a gente teme a solidão. Também tenho momentos de solidão. Temos é que saber geri-los. Por exemplo, gosto de estar sozinha, mas não me sinto só.
Sente necessidade de se isolar?
Gosto de estar sozinha, comigo.
Tem fé?
Tenho.
É católica?
Sou. Mas não pratico. Tenho a minha fé. Não vou à missa, mas gosto de ir a uma igreja.
Antes dos espectáculos?
Não. Às vezes, vou antes de uma estreia.
É supersticiosa?
Não.
Não se benze antes de entrar em palco?
Benzo. Gosto também de orar.
Fuma?
Não.
E também não se mete na política?
Não. Estou apenas atenta às políticas do Governo. Sou apartidária. Estou atenta ao que se vai fazendo e às facadas que nos vão dando.
Era capaz de fazer greve?
Temos uma classe muito pouco unida. Não nos unimos para nada.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Eduardo Vítor contra-ataca
EDUARDO VÍTOR CONDENA POLÍTICA DE DENTES CERRADOS E AOS SALTINHOS EM GAIA
Dr. Menezes não confia nas alternativas que tem na Câmara
Por Jorge Carvalho
Uma vez que a Câmara de Gaia não parece disposta a ceder na atribuição dos duodécimos, as cinco Juntas do PS estão a poucos dias de fechar as portas.
O encerramento das Juntas do ponto de vista formal não se pode dar, porque as Juntas não são empresas. Mas o encerramento da Junta por falta de capacidade para suprir os vencimentos dos funcionários é, neste momento, uma iminência. É preciso ter em conta que, por exemplo, a Junta de Oliveira do Douro gere um orçamento de um milhão de euros, dos quais 350 a 400 mil são provenientes da Câmara. Portanto, é uma verba imprescindível para o funcionamento da Junta. E porquê o prazo de fim de Fevereiro para a situação ser resolvida? Por uma razão simples: as Juntas recebem as transferências do Governo em Janeiro e em Abril, o que significa que, em Março, a transferência de Janeiro não cobre os vencimentos e a de Abril não pode ser antecipada. A situação é muito difícil. Aliás, desafio qualquer presidente de Junta de Gaia a sobreviver mais de três meses sem os duodécimos da Câmara. Mas as Juntas do PS sobrevivem sem os duodécimos há mais de um ano. A situação é desesperante. Despedir a Junta não pode, porque não se pode despedir funcionários públicos. Agora, o que pode acontecer são situações de incumprimento para com os funcionários.
Pode mesmo vir a ser pedida a insolvência das Juntas?
É uma figura que também não está na lei, mas aquilo que se está a ponderar é o recurso a todas as formas de salvaguarda, pois não pode ficar no ar a ideia de que isto está a acontecer por incapacidade de gestão dos presidentes de Junta. É preciso deixar bem claro que isto está a acontecer porque a Câmara, em relação a cinco presidentes de Junta do PS, resolveu pôr em prática uma estratégia de aniquilamento político-partidário.
Depois da posição tomada pelas Juntas do PS no «Caso EDP», não era mais do que esperado que a Câmara excluísse dos protocolos de 2008 as Juntas socialistas?
Se calhar, houve ingenuidade por parte dos presidentes de Junta do PS. O que todos pensaram foi que a Câmara ia ter consciência de que é absolutamente impossível manter a situação como está até ao fim do mandato. Todos acreditaram que o bom-senso iria prevalecer. Reconheço a minha ingenuidade, porque eu próprio acreditei que ano novo, vida nova. Também porque, hoje, as responsabilidades do presidente da Câmara a nível nacional são outras e exigem que tenha, no contexto local, a exemplificação daquilo que apregoa a nível nacional. Se algum erro os presidentes de Junta do PS cometeram, foi o de acreditar que a situação seria corrigida em 2008. Tanto mais que existe um amplo consenso nas várias estruturas da sociedade gaiense - políticas, económicas, sociais e associativas - relativamente à injustiça da situação. Portanto, pareceu-me a mim e a todos que a Câmara iria corrigir a situação. Só agora o presidente do PS/Gaia e da Junta de Oliveira do Douro se apercebeu que, de facto, a política em Gaia está transformada numa batalha campal, alicerçada num modelo de dentes cerrados e aos saltinhos.
Como assim?
De dentes cerrados, porque a política está a ser feita numa lógica de ostracização, chantagem e pressão por parte da Câmara. E, aos saltinhos, porque há gente na Câmara que se pretende afirmar e não tem outra forma de o fazer que não seja dizer aos seus pares que é capaz de trucidar a oposição. O que me preocupa mesmo é o pós-2009. Estou sinceramente convencido de que o PS ganhará as eleições. E aqueles que estão de passagem por Gaia vão-se embora com a vitória do PS. Mas as consequências de todas as atitudes que estão a tomar vão repercutir-se muito para além da sua saída. Pela minha parte, farei um esforço para que a lógica de funcionamento da política não seja feita por ajuste de contas, nem vinganças. Isto é: quero acreditar que a Câmara do PS, a partir de 2009, não vai fazer ao PSD aquilo que o PSD está a fazer ao PS. Agora, não posso deixar de lançar o aviso de que é preciso todos terem consciência de que, por muito que lutemos por não agir numa lógica vingativa, não iremos conseguir apagar, com a mera saída dos ‘outsiders’ de Gaia, os resquícios que ficam da luta campal que a Câmara está a inaugurar.
Não acha que, por uma questão de coerência política, os presidentes de Junta do PS nem sequer deviam ter ido ao jantar em que a questão dos protocolos se pôs?
Os presidentes de Junta do PS foram convidados para um jantar a 24 com a Câmara. Posta a questão dos protocolos em cima da mesa, a Câmara assumiu, pela voz do vereador Firmino Pereira, que não faria protocolos com as Juntas do PS. Mas os presidentes de Junta estavam interessados em assinar os protocolos. O que eu gostava de ouvir era o que pensa em voz alta tanta gente do PSD/Gaia. Porque eu sei o que pensam em voz baixa, mas gostava de os ouvir em voz alta. O que prova que a política em Gaia está a ser feita de dentes cerrados e aos saltinhos é a existência de um clima de medo que, neste momento, já é interno, ou seja, na própria Câmara. É evidente que tenho noção da complexidade dos fenómenos que estão a ocorrer. Por exemplo, tenho noção de que deve estar a ser de muito difícil gestão o facto de o dr. Menezes, que é líder do PSD, continuar na Câmara de Gaia, a tapar potenciais alternativas e sucessores. Agora, custa-me ver autarcas de referência em Gaia, que estão há 20 e 30 anos no Poder Local, a pactuar com isto que a Câmara está a fazer ao PS, quando eles já passaram por várias gestões e confirmaram que nunca foi esta a forma de funcionar do Partido Socialista.
Só o Governo pode salvar as Juntas do PS?
Recuso-me a pensar que possa haver uma tentativa de apadrinhamento da situação em Gaia. Acredito que as coisas serão resolvidas pelas próprias dinâmicas locais e pela consciencialização de que a situação é insustentável.
O que podem fazer as Juntas do PS se, em Março, nada se alterar?
O PS não quer contribuir para a transformação da política no campo de batalha desejado pela Câmara. Aliás, o PS/Gaia não quer sequer usar o facto de o presidente da Câmara ser líder do PSD para potenciar ainda mais a contestação ao dr. Menezes.
Nem o Governo?
Penso que o Governo e todas as entidades estão interessados em fazer política e políticas. Ou seja, digladiarem-se com argumentos políticos e fazer oposição, mas mantendo as regras básicas do funcionamento da Democracia. Ou seja, não pode haver um Governo a tentar calar o dr. Menezes deixando de transferir as verbas para a Câmara de Gaia. Da mesma forma, o dr. Menezes não pode querer calar os presidentes de Junta e o PS/Gaia deixando de transferir as verbas para as Juntas. No meio de tudo isto, a única pessoa que tem razões para estar contente sou eu.
Porquê?
Porque, chegado a este ponto, só se faz uma barbaridade destas e só se tomam medidas desta envergadura contra quem verdadeiramente incomoda. Portanto, do ponto de vista pessoal, sinto-me muito satisfeito por reparar que, ao fim de tantos anos, alguém conseguiu pôr a Câmara a bulir. Agora, o que eu acho é que a forma de reacção está a ser instintiva e não racional.
O ministério das Finanças já deu «luz verde» à Câmara para avançar com o desalojamento dos moradores da escarpa da Serra do Pilar. Surpreendeu-o?
O que posso garantir é uma coisa: o PS/Gaia será intransigente na defesa da sua posição, seja contra o ministério das Finanças, seja contra a Câmara. O que constato é que o ministério das Finanças foi, uma vez mais, como acontece com um poder altamente centralista, manipulado pela Câmara. Mas isso não vai mudar a posição do PS/Gaia. O que está em causa não são os terrenos do ministério das Finanças. O que está em causa é que a «limpeza» dos terrenos do ministério das Finanças irá enquadrar um investimento imobiliário naquela zona, que o PS/Gaia já teve oportunidade de apresentar em público com documentos oficiais.
Reafirma que a intenção da Câmara é construir um empreendimento imobiliário na escarpa da Serra do Pilar?
Nunca disse que a Câmara iria construir o que quer que fosse. O que disse e reafirmo é que a Câmara tem noção do licenciamento previsto no estudo da Parque Expo. E não me limitei a dizê-lo, mas também a apresentar documentação que devia ter sido publicada e pública para provar a minha tese.
Já sabe que vai ter de provar na barra do tribunal o que está a dizer?
Vou?
É intenção da Câmara mover uma acção contra o presidente da Distrital do PS, Renato Sampaio, e da Concelhia.
Fico mais satisfeito, porque estava a sentir-me excluído. Estava com inveja pelo facto de o presidente da Distrital ter um processo e eu não. A Câmara pode fazer o que quiser, mas há uma coisa que a Câmara não vai conseguir fazer: apagar as cores do Masterplan. E também pode ter a certeza de outra coisa: não me assusto nem com a judicialização da política, nem com as tentativas de atrofiamento financeiro. Ao contrário de muitos que andam a fazer política no concelho, eu não preciso da política para sobreviver.
O relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) não é suficiente para o PS/Gaia defender a solução da Câmara?
Nenhum relatório do LNEC sustenta a tese da Câmara. Para já, existem dois relatórios. Um dos finais dos anos 90 e outro mais recente. Nos dois relatórios, aquilo que é dito é que existe, de facto, risco. Mas há risco em todas as zonas cujos terrenos tenham declive. Também há risco de inundação na orla marítima e ribeirinha, quando a precipitação atinge valores acima da média. Mas não tenho visto desalojamento dos condomínios fechados à beira-mar, ou desalojamento de moradores ribeirinhos nas freguesias de Oliveira do Douro, Avintes, ou Lever. O PS nunca negou a existência de riscos. O que o relatório do LNEC também diz é que os riscos, na esmagadora maioria dos casos, são absolutamente controláveis com obras de consolidação da escarpa. Ou seja, o PS defende obras de consolidação da escarpa. O que significa manter os moradores.
Ainda que habitem casas clandestinas?
O PS fez uma pergunta à Câmara que ainda não foi respondida: quantas são as casas clandestinas no concelho? Se a Câmara quer demolir tudo o que é clandestino, pode começar por um prédio na Travessa Caetano de Melo. Em Gaia, o peso da clandestinidade no urbanismo, ou seja, da ilegalidade, está taco-a-taco com o peso da não clandestinidade. A Câmara que assuma uniformemente o combate à clandestinidade e mande demolir tudo o que é clandestino, a começar pela orla marítima. O que a Câmara também diz é que quer desalojar para renaturalizar. E o que é renaturalizar? Segundo o conceito da Geografia Física, o conceito significa repor os solos, no caso, a encosta, na sua condição original. Na escarpa, seria repor terra e vegetação. Ou seja, potenciar o risco.
Mas, pelo menos, não havia risco de perdas humanas.
Não havia? Se houver um bar e um ancoradouro no sopé da escarpa, há risco de perdas humanas. Portanto, é um disparate técnico dizer que a escarpa é para renaturalizar.
O PS/Gaia vai, portanto, manter-se ao lado dos moradores da escarpa?
O PS vai estar ao lado dos moradores, mas não numa lógica utilitarista. Estará ao lado dos moradores para pedir à Câmara que não tenha dois pesos e duas medidas. Há meia dúzia de anos, a Câmara teve, em relação aos moradores da escarpa com habitações localizadas na zona de construção da Ponte do Infante, uma atitude completamente diferente: indemnizou-os com verbas significativas, ao preço de metro quadrado que rivalizava com o preço do metro quadrado do centro urbano, para eles saírem. Fê-lo com dinheiro da Metro do Porto, mas fê-lo. O que o PS exige é que a Câmara faça agora com dinheiros próprios aquilo que fez com dinheiro da Metro do Porto.
Ou deixe estar tudo como está?
Ou deixe estar tudo como está. Salvaguardando apenas a exigência absoluta de fazer obras de consolidação da escarpa. Dir-me-ão: mas a posição do PS não configura alguma irresponsabilidade política? Eu digo que não. Configura apenas uma grande dose de humildade do PS, que gosta de aprender com quem lhe pode ensinar alguma coisa. E, no caso, o PS aprendeu com o dr. Menezes, que, em 1997, prometeu aos moradores da escarpa resolver o problema mantendo-os lá. O que o PS/Gaia também estranha é um outro aspecto: já alguém ouviu o dr. Menezes pronunciar-se sobre a escarpa da Serra do Pilar? O que eu temo é que o dr. Menezes esteja a perder o controlo completo da Câmara e haja gente com vontade de fazer política aos saltinhos. E de se afirmar da pior forma possível. Afinal, por que razão o dr. Menezes não cede o lugar a quem, por exemplo, se está a pôr em bicos de pé? Por que é que o dr. Menezes, sabendo que não tem capacidade para gerir a Câmara, não a abandona?
Porquê?
A minha explicação é simples: o dr. Menezes não confia nas alternativas que tem na Câmara. O dr. Menezes tem noção do que pode ser a Câmara entregue a esta forma de fazer política, como se exemplifica com os casos da escarpa, ou dos duodécimos.
Passa pela cabeça do líder do PS/Gaia uma recandidatura do presidente da Câmara em 2009?
Isso para mim é irrelevante. Enquanto o dr. Menezes for o presidente da Câmara, é o responsável. Mas já me apercebi que, neste momento, há dinâmicas que já ultrapassam o presidente da Câmara.
SENHAS DE REFEIÇÃO
Câmara não quer encontro de contas
Quando pensam as Juntas do PS devolver à Câmara o dinheiro das senhas de refeição?
Outra questão manipulada pela Câmara tem sido a das senhas de refeição. A Câmara também tem dito que não paga os duodécimos porque as cinco Juntas do PS lhe devem o dinheiro das senhas escolares. A questão não pode ficar no ar, porque, para nós, é uma questão de vida, ou de morte, que tem a ver com modelos de seriedade na gestão política. Primeiro: o argumento de que a Câmara não paga os duodécimos porque as Juntas também não pagam as senhas é um argumento cínico e falso. A Junta da Madalena nunca vendeu senhas e não deve um tostão à Câmara. Mesmo assim, está ostracizada dos protocolos. Se o problema está nas senhas, o que exigimos é que a Câmara faça de imediato um protocolo de duodécimos com a Junta da Madalena. Segundo: há Juntas do PSD que também devem à Câmara dinheiro relativo às senhas escolares. Se o critério for o mesmo, a Câmara que retire os protocolos a essas Juntas.
Quais são?
No momento próprio, o PS vai dizer quais são. Terceiro: o argumento de que as Juntas estão em dívida para com a Câmara é falso. No fundo, o protocolo da venda das senhas escolares é um protocolo de delegação de competências da Câmara para as Juntas, que se comprometem a vender as senhas na contrapartida de receber três por cento da receita. Acontece que, como está em causa o pagamento de refeições, as senhas escolares são tributadas em sede de IVA. Ora, a esmagadora maioria das Juntas, do PS e do PSD, não está tributada em sede de IVA e, portanto, não podia receber os três por cento. O que a Câmara fez, no tempo do dr. Jorge Queiroz, foi propor um modelo alternativo que significava substituir os três por cento por uma comparticipação, numa lógica de subsídio. Isso chegou a ser proposto pelo dr. Jorge Queiroz em reunião de Câmara, salvo erro em 2005. Depois disso, haveria necessidade de alterar o protocolo, para extinguir o artigo dos três por cento, coisa que até hoje nunca foi feita. E o que a maior parte das Juntas fez foi manter o serviço, salvaguardar o dinheiro e esperar o encontro de contas. Por duas, ou três vezes, o assunto foi levantado na Assembleia Municipal, com o vereador Firmino Pereira a deixar claro que a situação seria gerida pela Câmara em devido tempo.
O dinheiro não está a ser utilizado pelas Juntas para despesas correntes?
Só posso pronunciar-me em relação à Junta de Oliveira do Douro. Até hoje, ainda não foi, mas, se vier a ser preciso, que remédio. Há princípios na lei que podem justificá-lo. Mas não é o que as Juntas querem. O que as Juntas querem é o encontro de contas com a Câmara. O problema que se põe é que eu acho que a Câmara isso não quer.
Porquê?Porque o que a Câmara deve às Juntas é muito mais do aquilo que as Juntas devem à Câmara.
RECANDIDATURA
É irreversível
Ainda está à espera de ter adversário nas eleições para a Comissão Política do PS/Gaia?
Estou a fazer tudo para ter um adversário, porque acho que é útil ao partido discutir, nos momentos eleitorais, as eventuais diferenças que possam existir. É, portanto, claro que, com mais força e ainda mais empenho do que há dois anos, assumo a candidatura à Concelhia do PS/Gaia. Assumo-a a torno-a pública de uma forma irreversível. Se há, no partido, quem pense de maneira diferente da minha, deve apresentar-se às eleições. Como partido democrático que é, o PS gerirá eleitoralmente as diferenças. Aliás, a partir da próxima semana, começarei os contactos com todas as secções, para apresentar a minha estratégia.
Em que linhas assenta?
Em primeiro lugar, fazer passar pela estrutura concelhia grande parte das decisões que dizem respeito às freguesias. Há, neste momento, um conjunto de freguesias que não tem nem secção, nem organização partidária. Portanto, a Concelhia tem a obrigação de dar um apoio directo. Ou seja, a Comissão Política Concelhia do PS/Gaia não vai deixar os camaradas sozinhos. Em segundo, conseguir estruturar uma equipa, conhecedora dos assuntos e dos dossiês, com o objectivo de se apresentar em 2009 de uma forma credível para ultrapassar esta situação verdadeiramente pantanosa em que a Câmara está envolvida. E, por fim, conseguir articular com a estrutura distrital e nacional do partido uma candidatura forte para 2009, que, do meu ponto de vista, terá de ser uma figura nacional que relance a credibilidade da Câmara de Gaia.
Será sempre uma figura de Gaia?
Será uma figura de âmbito nacional. O facto de ser de Gaia é importante, mas, ainda mais importante, é que seja uma figura que consiga transportar consigo uma grande experiência governativa, legislativa e autárquica. Se possível, tudo junto, para se conseguir dar um rosto credível a uma equipa muito forte que o PS vai apresentar em 2009 para ganhar a Câmara. Mas não para ganhar por ganhar, mas porque temos um projecto para reorganizar a Câmara. Para dar conta de quanto estou já activamente a preparar a minha recandidatura às eleições do dia 5 de Abril, terei em breve um encontro com figuras nacionais do partido para, entre outros assuntos, abordar modelos de gestão autárquica para Câmara falidas, como é o caso da de Gaia.
Elisa Ferreira é hipótese?Todos sabem os laços de amizade que me unem a Elisa Ferreira e todos sabem o apoio que tem dado a Gaia. Já cá esteve por três vezes e vai voltar. Agora, neste momento, não é bom nem para os nomes, nem para a estratégia estar a avançar com candidatos sem antes ir a votos. O que o partido a todos os níveis saberá é que, a partir do dia 5 de Abril, caso eu vença as eleições, os nomes têm de começar a definir-se rapidamente, subordinada à estratégia definida. Outro eixo da minha estratégia será recandidatar todos os presidentes de Junta que foram eleitos pelo PS e que têm dado a cara pelo PS no combate político autárquico.
Todos sem excepção?
Todos os que têm dado a cara pelo PS no combate autárquico em Gaia.
POSIÇÃO
Concordo com nova lei autárquica
Concorda com a nova lei autárquica?
Concordo. Ponto um: questão estrutural. A lei autárquica é o exemplo do absoluto desnorte em que está o PSD liderado pelo dr. Menezes. Havia um acordo de regime entre o PS e o PSD que o dr. Menezes, incompreensivelmente, tratou de furar. Portanto, não há palavra, nem credibilidade na actuação política do PSD liderado pelo dr. Menezes. Ponto dois: em abstracto, concordaria com a presença e o direito de voto dos presidentes de Junta na Assembleia Municipal. Os presidentes de Junta têm um património que não é apenas político, mas também simbólico. E a presença e o direito de voto na Assembleia Municipal dá-lhes essa carga simbólica e, por outro lado, confere ao presidente de Junta a possibilidade de gerir politicamente com a Câmara muitas das questões de base local, como ter direito a intervir e a votar. Mas, em concreto, o direito de voto dos presidentes de Junta tem servido para alguns autarcas que agem de uma forma autocrática e chantagista utilizarem os presidentes de Junta como joguetes nas suas mãos, manipulando-os e tentando comprar as suas consciências em troca do voto que lhes interessa na Assembleia Municipal. Portanto, para mim, é de um brutal cinismo ter o dr. Menezes a defender o voto dos presidentes de Junta a nível nacional quando, no concelho que gere, maltrata e ostraciza os presidentes de Junta da oposição apenas porque não votam como ele quer.
Di-lo na qualidade de presidente de Junta, ou de líder do PS/Gaia?
Digo-o na qualidade de presidente de Junta e de líder do PS/Gaia. Um exemplo brutal: a prova de que não há sentido de Estado na gestão destas questões é o recente comunicado distribuído pelo PSD/Avintes a insultar o presidente de Junta, ao atribuir o início das obras na Rua 5 de Outubro ao membro do executivo da Junta Nuno Oliveira. Ou seja, o comunicado chama à Junta liderada por Mário Gomes de incompetente e, ao mesmo tempo, dá a outorga da obra a Nuno Oliveira, que é membro da Junta numa coligação livremente assumida pelos dois partidos. Um partido que, no âmbito de um compromisso político, age desta maneira é um partido sem rei, nem roque e sem qualquer tipo de credibilidade junto das populações. Por isso, a minha solidariedade para com Mário Gomes, que, como todos sabem, considero muito de todos os pontos de vistas.
LEI
Impugnar taxa de contadores
Qual a posição do PS/Gaia relativamente à taxa de disponibilidade cobrada pela Câmara?
O PS/Gaia vai emparceirar uma luta pela impugnação da taxa de disponibilidade da água que o município vende. Isto acontece porque o PS, na Assembleia da República, fez aprovar uma lei, em 2007, que impede a cobrança de taxas de contadores aos serviços públicos, seja de água, electricidade, ou telefones. Habilidosamente, a Câmara substituiu a taxa dos contadores por uma taxa de disponibilidade, que, ainda por cima, é 32 cêntimos mais cara do que a taxa de contador. Ou seja, aquilo que os deputados na Assembleia da República aprovaram visava beneficiar o consumidor, ao retirar-lhe um ónus injusto e pesado na factura. Mas a Câmara o que fez foi imputar ao consumidor esse custo chamando-lhe um outro nome. Trata-se de uma habilidade para prejudicar os gaienses e os consumidores. Ainda por cima, uma habilidade que ultrapassa de forma muito cínica a lei aprovada no Parlamento. Por isso, o PS vai envolver-se numa luta jurídica, junto das entidades reguladoras, da Provedoria de Justiça e da Procuradoria-Geral da República, com vista a esclarecer se o comportamento da Câmara é correcto, ou se é mais uma forma desconexa de obter dinheiro a todo o custo, quando se sabe que a autarquia vive uma situação de endividamento e de insolvência.
Em aliança com os outros partidos de esquerda?
Pelo menos com a CDU, que sabemos estar a trabalhar no mesmo sentido.
Dr. Menezes não confia nas alternativas que tem na Câmara
Por Jorge Carvalho
Uma vez que a Câmara de Gaia não parece disposta a ceder na atribuição dos duodécimos, as cinco Juntas do PS estão a poucos dias de fechar as portas.
O encerramento das Juntas do ponto de vista formal não se pode dar, porque as Juntas não são empresas. Mas o encerramento da Junta por falta de capacidade para suprir os vencimentos dos funcionários é, neste momento, uma iminência. É preciso ter em conta que, por exemplo, a Junta de Oliveira do Douro gere um orçamento de um milhão de euros, dos quais 350 a 400 mil são provenientes da Câmara. Portanto, é uma verba imprescindível para o funcionamento da Junta. E porquê o prazo de fim de Fevereiro para a situação ser resolvida? Por uma razão simples: as Juntas recebem as transferências do Governo em Janeiro e em Abril, o que significa que, em Março, a transferência de Janeiro não cobre os vencimentos e a de Abril não pode ser antecipada. A situação é muito difícil. Aliás, desafio qualquer presidente de Junta de Gaia a sobreviver mais de três meses sem os duodécimos da Câmara. Mas as Juntas do PS sobrevivem sem os duodécimos há mais de um ano. A situação é desesperante. Despedir a Junta não pode, porque não se pode despedir funcionários públicos. Agora, o que pode acontecer são situações de incumprimento para com os funcionários.
Pode mesmo vir a ser pedida a insolvência das Juntas?
É uma figura que também não está na lei, mas aquilo que se está a ponderar é o recurso a todas as formas de salvaguarda, pois não pode ficar no ar a ideia de que isto está a acontecer por incapacidade de gestão dos presidentes de Junta. É preciso deixar bem claro que isto está a acontecer porque a Câmara, em relação a cinco presidentes de Junta do PS, resolveu pôr em prática uma estratégia de aniquilamento político-partidário.
Depois da posição tomada pelas Juntas do PS no «Caso EDP», não era mais do que esperado que a Câmara excluísse dos protocolos de 2008 as Juntas socialistas?
Se calhar, houve ingenuidade por parte dos presidentes de Junta do PS. O que todos pensaram foi que a Câmara ia ter consciência de que é absolutamente impossível manter a situação como está até ao fim do mandato. Todos acreditaram que o bom-senso iria prevalecer. Reconheço a minha ingenuidade, porque eu próprio acreditei que ano novo, vida nova. Também porque, hoje, as responsabilidades do presidente da Câmara a nível nacional são outras e exigem que tenha, no contexto local, a exemplificação daquilo que apregoa a nível nacional. Se algum erro os presidentes de Junta do PS cometeram, foi o de acreditar que a situação seria corrigida em 2008. Tanto mais que existe um amplo consenso nas várias estruturas da sociedade gaiense - políticas, económicas, sociais e associativas - relativamente à injustiça da situação. Portanto, pareceu-me a mim e a todos que a Câmara iria corrigir a situação. Só agora o presidente do PS/Gaia e da Junta de Oliveira do Douro se apercebeu que, de facto, a política em Gaia está transformada numa batalha campal, alicerçada num modelo de dentes cerrados e aos saltinhos.
Como assim?
De dentes cerrados, porque a política está a ser feita numa lógica de ostracização, chantagem e pressão por parte da Câmara. E, aos saltinhos, porque há gente na Câmara que se pretende afirmar e não tem outra forma de o fazer que não seja dizer aos seus pares que é capaz de trucidar a oposição. O que me preocupa mesmo é o pós-2009. Estou sinceramente convencido de que o PS ganhará as eleições. E aqueles que estão de passagem por Gaia vão-se embora com a vitória do PS. Mas as consequências de todas as atitudes que estão a tomar vão repercutir-se muito para além da sua saída. Pela minha parte, farei um esforço para que a lógica de funcionamento da política não seja feita por ajuste de contas, nem vinganças. Isto é: quero acreditar que a Câmara do PS, a partir de 2009, não vai fazer ao PSD aquilo que o PSD está a fazer ao PS. Agora, não posso deixar de lançar o aviso de que é preciso todos terem consciência de que, por muito que lutemos por não agir numa lógica vingativa, não iremos conseguir apagar, com a mera saída dos ‘outsiders’ de Gaia, os resquícios que ficam da luta campal que a Câmara está a inaugurar.
Não acha que, por uma questão de coerência política, os presidentes de Junta do PS nem sequer deviam ter ido ao jantar em que a questão dos protocolos se pôs?
Os presidentes de Junta do PS foram convidados para um jantar a 24 com a Câmara. Posta a questão dos protocolos em cima da mesa, a Câmara assumiu, pela voz do vereador Firmino Pereira, que não faria protocolos com as Juntas do PS. Mas os presidentes de Junta estavam interessados em assinar os protocolos. O que eu gostava de ouvir era o que pensa em voz alta tanta gente do PSD/Gaia. Porque eu sei o que pensam em voz baixa, mas gostava de os ouvir em voz alta. O que prova que a política em Gaia está a ser feita de dentes cerrados e aos saltinhos é a existência de um clima de medo que, neste momento, já é interno, ou seja, na própria Câmara. É evidente que tenho noção da complexidade dos fenómenos que estão a ocorrer. Por exemplo, tenho noção de que deve estar a ser de muito difícil gestão o facto de o dr. Menezes, que é líder do PSD, continuar na Câmara de Gaia, a tapar potenciais alternativas e sucessores. Agora, custa-me ver autarcas de referência em Gaia, que estão há 20 e 30 anos no Poder Local, a pactuar com isto que a Câmara está a fazer ao PS, quando eles já passaram por várias gestões e confirmaram que nunca foi esta a forma de funcionar do Partido Socialista.
Só o Governo pode salvar as Juntas do PS?
Recuso-me a pensar que possa haver uma tentativa de apadrinhamento da situação em Gaia. Acredito que as coisas serão resolvidas pelas próprias dinâmicas locais e pela consciencialização de que a situação é insustentável.
O que podem fazer as Juntas do PS se, em Março, nada se alterar?
O PS não quer contribuir para a transformação da política no campo de batalha desejado pela Câmara. Aliás, o PS/Gaia não quer sequer usar o facto de o presidente da Câmara ser líder do PSD para potenciar ainda mais a contestação ao dr. Menezes.
Nem o Governo?
Penso que o Governo e todas as entidades estão interessados em fazer política e políticas. Ou seja, digladiarem-se com argumentos políticos e fazer oposição, mas mantendo as regras básicas do funcionamento da Democracia. Ou seja, não pode haver um Governo a tentar calar o dr. Menezes deixando de transferir as verbas para a Câmara de Gaia. Da mesma forma, o dr. Menezes não pode querer calar os presidentes de Junta e o PS/Gaia deixando de transferir as verbas para as Juntas. No meio de tudo isto, a única pessoa que tem razões para estar contente sou eu.
Porquê?
Porque, chegado a este ponto, só se faz uma barbaridade destas e só se tomam medidas desta envergadura contra quem verdadeiramente incomoda. Portanto, do ponto de vista pessoal, sinto-me muito satisfeito por reparar que, ao fim de tantos anos, alguém conseguiu pôr a Câmara a bulir. Agora, o que eu acho é que a forma de reacção está a ser instintiva e não racional.
O ministério das Finanças já deu «luz verde» à Câmara para avançar com o desalojamento dos moradores da escarpa da Serra do Pilar. Surpreendeu-o?
O que posso garantir é uma coisa: o PS/Gaia será intransigente na defesa da sua posição, seja contra o ministério das Finanças, seja contra a Câmara. O que constato é que o ministério das Finanças foi, uma vez mais, como acontece com um poder altamente centralista, manipulado pela Câmara. Mas isso não vai mudar a posição do PS/Gaia. O que está em causa não são os terrenos do ministério das Finanças. O que está em causa é que a «limpeza» dos terrenos do ministério das Finanças irá enquadrar um investimento imobiliário naquela zona, que o PS/Gaia já teve oportunidade de apresentar em público com documentos oficiais.
Reafirma que a intenção da Câmara é construir um empreendimento imobiliário na escarpa da Serra do Pilar?
Nunca disse que a Câmara iria construir o que quer que fosse. O que disse e reafirmo é que a Câmara tem noção do licenciamento previsto no estudo da Parque Expo. E não me limitei a dizê-lo, mas também a apresentar documentação que devia ter sido publicada e pública para provar a minha tese.
Já sabe que vai ter de provar na barra do tribunal o que está a dizer?
Vou?
É intenção da Câmara mover uma acção contra o presidente da Distrital do PS, Renato Sampaio, e da Concelhia.
Fico mais satisfeito, porque estava a sentir-me excluído. Estava com inveja pelo facto de o presidente da Distrital ter um processo e eu não. A Câmara pode fazer o que quiser, mas há uma coisa que a Câmara não vai conseguir fazer: apagar as cores do Masterplan. E também pode ter a certeza de outra coisa: não me assusto nem com a judicialização da política, nem com as tentativas de atrofiamento financeiro. Ao contrário de muitos que andam a fazer política no concelho, eu não preciso da política para sobreviver.
O relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) não é suficiente para o PS/Gaia defender a solução da Câmara?
Nenhum relatório do LNEC sustenta a tese da Câmara. Para já, existem dois relatórios. Um dos finais dos anos 90 e outro mais recente. Nos dois relatórios, aquilo que é dito é que existe, de facto, risco. Mas há risco em todas as zonas cujos terrenos tenham declive. Também há risco de inundação na orla marítima e ribeirinha, quando a precipitação atinge valores acima da média. Mas não tenho visto desalojamento dos condomínios fechados à beira-mar, ou desalojamento de moradores ribeirinhos nas freguesias de Oliveira do Douro, Avintes, ou Lever. O PS nunca negou a existência de riscos. O que o relatório do LNEC também diz é que os riscos, na esmagadora maioria dos casos, são absolutamente controláveis com obras de consolidação da escarpa. Ou seja, o PS defende obras de consolidação da escarpa. O que significa manter os moradores.
Ainda que habitem casas clandestinas?
O PS fez uma pergunta à Câmara que ainda não foi respondida: quantas são as casas clandestinas no concelho? Se a Câmara quer demolir tudo o que é clandestino, pode começar por um prédio na Travessa Caetano de Melo. Em Gaia, o peso da clandestinidade no urbanismo, ou seja, da ilegalidade, está taco-a-taco com o peso da não clandestinidade. A Câmara que assuma uniformemente o combate à clandestinidade e mande demolir tudo o que é clandestino, a começar pela orla marítima. O que a Câmara também diz é que quer desalojar para renaturalizar. E o que é renaturalizar? Segundo o conceito da Geografia Física, o conceito significa repor os solos, no caso, a encosta, na sua condição original. Na escarpa, seria repor terra e vegetação. Ou seja, potenciar o risco.
Mas, pelo menos, não havia risco de perdas humanas.
Não havia? Se houver um bar e um ancoradouro no sopé da escarpa, há risco de perdas humanas. Portanto, é um disparate técnico dizer que a escarpa é para renaturalizar.
O PS/Gaia vai, portanto, manter-se ao lado dos moradores da escarpa?
O PS vai estar ao lado dos moradores, mas não numa lógica utilitarista. Estará ao lado dos moradores para pedir à Câmara que não tenha dois pesos e duas medidas. Há meia dúzia de anos, a Câmara teve, em relação aos moradores da escarpa com habitações localizadas na zona de construção da Ponte do Infante, uma atitude completamente diferente: indemnizou-os com verbas significativas, ao preço de metro quadrado que rivalizava com o preço do metro quadrado do centro urbano, para eles saírem. Fê-lo com dinheiro da Metro do Porto, mas fê-lo. O que o PS exige é que a Câmara faça agora com dinheiros próprios aquilo que fez com dinheiro da Metro do Porto.
Ou deixe estar tudo como está?
Ou deixe estar tudo como está. Salvaguardando apenas a exigência absoluta de fazer obras de consolidação da escarpa. Dir-me-ão: mas a posição do PS não configura alguma irresponsabilidade política? Eu digo que não. Configura apenas uma grande dose de humildade do PS, que gosta de aprender com quem lhe pode ensinar alguma coisa. E, no caso, o PS aprendeu com o dr. Menezes, que, em 1997, prometeu aos moradores da escarpa resolver o problema mantendo-os lá. O que o PS/Gaia também estranha é um outro aspecto: já alguém ouviu o dr. Menezes pronunciar-se sobre a escarpa da Serra do Pilar? O que eu temo é que o dr. Menezes esteja a perder o controlo completo da Câmara e haja gente com vontade de fazer política aos saltinhos. E de se afirmar da pior forma possível. Afinal, por que razão o dr. Menezes não cede o lugar a quem, por exemplo, se está a pôr em bicos de pé? Por que é que o dr. Menezes, sabendo que não tem capacidade para gerir a Câmara, não a abandona?
Porquê?
A minha explicação é simples: o dr. Menezes não confia nas alternativas que tem na Câmara. O dr. Menezes tem noção do que pode ser a Câmara entregue a esta forma de fazer política, como se exemplifica com os casos da escarpa, ou dos duodécimos.
Passa pela cabeça do líder do PS/Gaia uma recandidatura do presidente da Câmara em 2009?
Isso para mim é irrelevante. Enquanto o dr. Menezes for o presidente da Câmara, é o responsável. Mas já me apercebi que, neste momento, há dinâmicas que já ultrapassam o presidente da Câmara.
SENHAS DE REFEIÇÃO
Câmara não quer encontro de contas
Quando pensam as Juntas do PS devolver à Câmara o dinheiro das senhas de refeição?
Outra questão manipulada pela Câmara tem sido a das senhas de refeição. A Câmara também tem dito que não paga os duodécimos porque as cinco Juntas do PS lhe devem o dinheiro das senhas escolares. A questão não pode ficar no ar, porque, para nós, é uma questão de vida, ou de morte, que tem a ver com modelos de seriedade na gestão política. Primeiro: o argumento de que a Câmara não paga os duodécimos porque as Juntas também não pagam as senhas é um argumento cínico e falso. A Junta da Madalena nunca vendeu senhas e não deve um tostão à Câmara. Mesmo assim, está ostracizada dos protocolos. Se o problema está nas senhas, o que exigimos é que a Câmara faça de imediato um protocolo de duodécimos com a Junta da Madalena. Segundo: há Juntas do PSD que também devem à Câmara dinheiro relativo às senhas escolares. Se o critério for o mesmo, a Câmara que retire os protocolos a essas Juntas.
Quais são?
No momento próprio, o PS vai dizer quais são. Terceiro: o argumento de que as Juntas estão em dívida para com a Câmara é falso. No fundo, o protocolo da venda das senhas escolares é um protocolo de delegação de competências da Câmara para as Juntas, que se comprometem a vender as senhas na contrapartida de receber três por cento da receita. Acontece que, como está em causa o pagamento de refeições, as senhas escolares são tributadas em sede de IVA. Ora, a esmagadora maioria das Juntas, do PS e do PSD, não está tributada em sede de IVA e, portanto, não podia receber os três por cento. O que a Câmara fez, no tempo do dr. Jorge Queiroz, foi propor um modelo alternativo que significava substituir os três por cento por uma comparticipação, numa lógica de subsídio. Isso chegou a ser proposto pelo dr. Jorge Queiroz em reunião de Câmara, salvo erro em 2005. Depois disso, haveria necessidade de alterar o protocolo, para extinguir o artigo dos três por cento, coisa que até hoje nunca foi feita. E o que a maior parte das Juntas fez foi manter o serviço, salvaguardar o dinheiro e esperar o encontro de contas. Por duas, ou três vezes, o assunto foi levantado na Assembleia Municipal, com o vereador Firmino Pereira a deixar claro que a situação seria gerida pela Câmara em devido tempo.
O dinheiro não está a ser utilizado pelas Juntas para despesas correntes?
Só posso pronunciar-me em relação à Junta de Oliveira do Douro. Até hoje, ainda não foi, mas, se vier a ser preciso, que remédio. Há princípios na lei que podem justificá-lo. Mas não é o que as Juntas querem. O que as Juntas querem é o encontro de contas com a Câmara. O problema que se põe é que eu acho que a Câmara isso não quer.
Porquê?Porque o que a Câmara deve às Juntas é muito mais do aquilo que as Juntas devem à Câmara.
RECANDIDATURA
É irreversível
Ainda está à espera de ter adversário nas eleições para a Comissão Política do PS/Gaia?
Estou a fazer tudo para ter um adversário, porque acho que é útil ao partido discutir, nos momentos eleitorais, as eventuais diferenças que possam existir. É, portanto, claro que, com mais força e ainda mais empenho do que há dois anos, assumo a candidatura à Concelhia do PS/Gaia. Assumo-a a torno-a pública de uma forma irreversível. Se há, no partido, quem pense de maneira diferente da minha, deve apresentar-se às eleições. Como partido democrático que é, o PS gerirá eleitoralmente as diferenças. Aliás, a partir da próxima semana, começarei os contactos com todas as secções, para apresentar a minha estratégia.
Em que linhas assenta?
Em primeiro lugar, fazer passar pela estrutura concelhia grande parte das decisões que dizem respeito às freguesias. Há, neste momento, um conjunto de freguesias que não tem nem secção, nem organização partidária. Portanto, a Concelhia tem a obrigação de dar um apoio directo. Ou seja, a Comissão Política Concelhia do PS/Gaia não vai deixar os camaradas sozinhos. Em segundo, conseguir estruturar uma equipa, conhecedora dos assuntos e dos dossiês, com o objectivo de se apresentar em 2009 de uma forma credível para ultrapassar esta situação verdadeiramente pantanosa em que a Câmara está envolvida. E, por fim, conseguir articular com a estrutura distrital e nacional do partido uma candidatura forte para 2009, que, do meu ponto de vista, terá de ser uma figura nacional que relance a credibilidade da Câmara de Gaia.
Será sempre uma figura de Gaia?
Será uma figura de âmbito nacional. O facto de ser de Gaia é importante, mas, ainda mais importante, é que seja uma figura que consiga transportar consigo uma grande experiência governativa, legislativa e autárquica. Se possível, tudo junto, para se conseguir dar um rosto credível a uma equipa muito forte que o PS vai apresentar em 2009 para ganhar a Câmara. Mas não para ganhar por ganhar, mas porque temos um projecto para reorganizar a Câmara. Para dar conta de quanto estou já activamente a preparar a minha recandidatura às eleições do dia 5 de Abril, terei em breve um encontro com figuras nacionais do partido para, entre outros assuntos, abordar modelos de gestão autárquica para Câmara falidas, como é o caso da de Gaia.
Elisa Ferreira é hipótese?Todos sabem os laços de amizade que me unem a Elisa Ferreira e todos sabem o apoio que tem dado a Gaia. Já cá esteve por três vezes e vai voltar. Agora, neste momento, não é bom nem para os nomes, nem para a estratégia estar a avançar com candidatos sem antes ir a votos. O que o partido a todos os níveis saberá é que, a partir do dia 5 de Abril, caso eu vença as eleições, os nomes têm de começar a definir-se rapidamente, subordinada à estratégia definida. Outro eixo da minha estratégia será recandidatar todos os presidentes de Junta que foram eleitos pelo PS e que têm dado a cara pelo PS no combate político autárquico.
Todos sem excepção?
Todos os que têm dado a cara pelo PS no combate autárquico em Gaia.
POSIÇÃO
Concordo com nova lei autárquica
Concorda com a nova lei autárquica?
Concordo. Ponto um: questão estrutural. A lei autárquica é o exemplo do absoluto desnorte em que está o PSD liderado pelo dr. Menezes. Havia um acordo de regime entre o PS e o PSD que o dr. Menezes, incompreensivelmente, tratou de furar. Portanto, não há palavra, nem credibilidade na actuação política do PSD liderado pelo dr. Menezes. Ponto dois: em abstracto, concordaria com a presença e o direito de voto dos presidentes de Junta na Assembleia Municipal. Os presidentes de Junta têm um património que não é apenas político, mas também simbólico. E a presença e o direito de voto na Assembleia Municipal dá-lhes essa carga simbólica e, por outro lado, confere ao presidente de Junta a possibilidade de gerir politicamente com a Câmara muitas das questões de base local, como ter direito a intervir e a votar. Mas, em concreto, o direito de voto dos presidentes de Junta tem servido para alguns autarcas que agem de uma forma autocrática e chantagista utilizarem os presidentes de Junta como joguetes nas suas mãos, manipulando-os e tentando comprar as suas consciências em troca do voto que lhes interessa na Assembleia Municipal. Portanto, para mim, é de um brutal cinismo ter o dr. Menezes a defender o voto dos presidentes de Junta a nível nacional quando, no concelho que gere, maltrata e ostraciza os presidentes de Junta da oposição apenas porque não votam como ele quer.
Di-lo na qualidade de presidente de Junta, ou de líder do PS/Gaia?
Digo-o na qualidade de presidente de Junta e de líder do PS/Gaia. Um exemplo brutal: a prova de que não há sentido de Estado na gestão destas questões é o recente comunicado distribuído pelo PSD/Avintes a insultar o presidente de Junta, ao atribuir o início das obras na Rua 5 de Outubro ao membro do executivo da Junta Nuno Oliveira. Ou seja, o comunicado chama à Junta liderada por Mário Gomes de incompetente e, ao mesmo tempo, dá a outorga da obra a Nuno Oliveira, que é membro da Junta numa coligação livremente assumida pelos dois partidos. Um partido que, no âmbito de um compromisso político, age desta maneira é um partido sem rei, nem roque e sem qualquer tipo de credibilidade junto das populações. Por isso, a minha solidariedade para com Mário Gomes, que, como todos sabem, considero muito de todos os pontos de vistas.
LEI
Impugnar taxa de contadores
Qual a posição do PS/Gaia relativamente à taxa de disponibilidade cobrada pela Câmara?
O PS/Gaia vai emparceirar uma luta pela impugnação da taxa de disponibilidade da água que o município vende. Isto acontece porque o PS, na Assembleia da República, fez aprovar uma lei, em 2007, que impede a cobrança de taxas de contadores aos serviços públicos, seja de água, electricidade, ou telefones. Habilidosamente, a Câmara substituiu a taxa dos contadores por uma taxa de disponibilidade, que, ainda por cima, é 32 cêntimos mais cara do que a taxa de contador. Ou seja, aquilo que os deputados na Assembleia da República aprovaram visava beneficiar o consumidor, ao retirar-lhe um ónus injusto e pesado na factura. Mas a Câmara o que fez foi imputar ao consumidor esse custo chamando-lhe um outro nome. Trata-se de uma habilidade para prejudicar os gaienses e os consumidores. Ainda por cima, uma habilidade que ultrapassa de forma muito cínica a lei aprovada no Parlamento. Por isso, o PS vai envolver-se numa luta jurídica, junto das entidades reguladoras, da Provedoria de Justiça e da Procuradoria-Geral da República, com vista a esclarecer se o comportamento da Câmara é correcto, ou se é mais uma forma desconexa de obter dinheiro a todo o custo, quando se sabe que a autarquia vive uma situação de endividamento e de insolvência.
Em aliança com os outros partidos de esquerda?
Pelo menos com a CDU, que sabemos estar a trabalhar no mesmo sentido.
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