domingo, 16 de março de 2008

«ANGELISTAS»


A propósito da participação para esclarecimento sobre a conformidade de determinados artigos da proposta do Regime Jurídico das Federações, feita junto da FIFA, tal qual a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) o fizera, logo surgiram os «papagaios» do costume a tentar bater sem dó nem piedade.

A esse propósito, um dos entrevistados não se fez rogado e deu uma entrevista intitulada «Os suspeitos do Costume». É óbvio que a entrevista do sr. presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais é ofensiva, pelo menos para aqueles que não se movem nos gabinetes e caminhos que o mesmo percorre.

A intervenção do sr. Joaquim Evangelista é orquestrada, deturpada e imputa factos e considerações ofensivas para todos aqueles que estão no futebol pelo futebol e não porque nenhuma outra actividade profissional lhes é conhecida ou reconhecida.

É irresponsável, folclórica e oportunista a resposta dada pelo sr. Joaquim Evangelista sobre a posição das Associações, uma vez que o dito não conhecia o conteúdo do documento entregue, pois, caso contrário, perceberia que não há queixa, mas pedido de esclarecimento sobre disposições legais propostas.

Da mesma forma, é da sua parte irresponsável afirmar “que se usa a Selecção como arma de arremesso”, pois o dr. Gilberto Madail também auscultou a FIFA sobre artigos da proposta do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD). Percebe-se, por um lado, a aflição do sr. Joaquim Evangelista, e, por outro, a colagem política ao RJFD proposto, uma vez que do mesmo resulta um aumento da sua representatividade de 10 para 15 por cento – passaria a ter mais votos com «meia dúzia de filiados» do que todos os que representam em conjunto mais de 136.000 jogadores de futebol!

Por outro lado, suspeito, e muito, é o facto do dito cidadão em causa ter assento no Conselho Nacional do Desporto (CND), com direito a voto, em prol de um diploma no qual é directamente interessado, tanto mais que, depois de se manifestar na 7.ª Comissão Parlamentar contra a Lei de Bases da Actividade Física, adira agora integralmente e sem reservas a todas as posições e até expressões do sr. Secretário de Estado do Desporto. Mas, mais suspeito, é ter contribuído com o seu voto para eleições antecipadas na FPF, provocando ostensivamente as mesmas, e agora atribuir a responsabilidade ao dr. Gilberto Madail e às associações distritais, dizendo-se enganado!

Quiçá tivesse um sonho para a composição final das listas para os órgãos sociais da FPF, o mesmo que tem para as futuras listas, tanto mais que, suspeita, é a bajulação e «idolatração» mostrada em Assembleia Geral da FPF, aquando da eleição do dr. Gilberto Madail, e agora dizer, ostensivamente, que se sente enganado.

Mas, uma vez que se fala em suspeição, suspeitas foram as ameaças de greve no futebol profissional, por causa do regime fiscal dos jogadores profissionais, e depois… «caladinho que nem um rato»!

Acrescente-se que, porque chama irresponsáveis aos subscritores da solicitação junto da FIFA, irresponsabilidade é solicitar à AF Porto uma audiência para discutir futebol, não ter comparecido, não justificar a ausência e depois dizer que nem se lembrava de tal reunião!

Irresponsável é não ter contribuído em nada para «ajudar» os seus profissionais, «encostados» nos clubes profissionais, contrariamente à AF Porto, que criou uma Liga Intercalar defendendo interesses do futebol de formação e profissional que o Sindicato esqueceu e esquece!

Falsidade e hipocrisia é tentar organizar, em paralelo com o Fórum Nacional de Futebol, realizado em Santarém, uma iniciativa com a presença de Luís Figo e Cristiano Ronaldo para «ofuscar» a iniciativa das Associações Distritais!

Hipocrisia é sair desse fórum e ameaçar «bombasticamente» o Departamento Médico do FC Porto para discutir a situação clínica do jogador Bruno Moraes! Anedótico.

O que dizer da sua actuação com o dr. Hermínio Loureiro? «Judaico», pois ameaçou-o no início da negociação do Contrato Colectivo de Trabalho e depois meteu o «rabinho entre as pernas» e nem sequer todos os parceiros iniciais têm conhecimento das reuniões que mantém com o mesmo!

A FIFA é a mesma em relação à qual os poucos filiados que tem recorrem, quando entendem, para salvaguarda dos seus direitos e que faz questão de se mostrar solidário! Logo, ignorância é referir que “nenhuma instituição… está acima da ordem jurídica portuguesa”.

Mas a ignorância irá tão longe que rejeitará, para os seus, os benefícios do Acórdão Bosman? Do Acórdão Malaja? Do Acórdão Webster? Até o Acórdão «Zé Tó» prometia ser o porta-estandarte da revolução no futebol profissional…

Conversa! Nesta história, o único refém de algo é o presidente do Sindicato, pois vive à custa do futebol, é profissional do futebol, e, além do sustento que o futebol lhe dá, nenhum outro rendimento ou actividade lhe são conhecidas! Tão probo, honesto, íntegro e sério, aceite o desafio e seja presidente da Associação Nacional do Jogadores Não Profissionais de Futebol e exerça o cargo sem remuneração, ou, então, venha para as associações trabalhar para saber o que estas fazem, mas sem hipocrisias, tem que trabalhar como eu e todos os dirigentes deste futebol: de borla! Veremos, então, quem é suspeito, hipócrita e irresponsável no futebol português.

O que diriam os portugueses se a UGT ou CGTP tivessem assento na Assembleia da Republica? Já agora, quem representa os jogadores dos campeonatos não profissionais? Os de futsal? Os de futebol de praia? Com legitimidade se arroga representante da classe de jogadores?

Quantos são filiados no seu Sindicato? Já que tanto se fala em Espanha… Aliás, dizendo a lei que os jogadores serão representados por associações, será legal o Sindicato ter assento na Assembleia Geral da FPF? Na AG da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, onde tem assento o futebol profissional? Ou no sítio que merece e de onde nunca deveria ter saído? Nesta altura, só faltava mesmo desabrochar a corrente dos «Angelistas».


Nota do autor: O presente artigo constitui para substancial do exercício de Direito de Resposta que subscrevi, relativo à entrevista dada pelo sr. presidente do SJPF, no 5 de Março do corrente ano, e que até à data ficou na gaveta, sem publicação. Bem me avisou um velho amigo, que conhece os meandros do futebol.

Jerry Silva, vice-presidente da Direcção da AF Porto, escreve semanalmente em O Norte Desportivo

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