A revelação providencial do vídeo da aluna da Escola Secundária Carolina Michaëlis a tirar (des)esforço de uma professora de francês em plena sala de aula, com a plateia a aplaudir, por causa de um telemóvel mostrou à saciedade – se dúvidas ainda houvesse – o estado a que chegou a escola pública em Portugal.
Tão inquietante como o comportamento troglodita e chocante de mais uma jovem dos tempos que correm é a atitude da turma, disposta a pagar para ver – e a filmar – a aluna a chegar a vias de facto com a isolada e fragilizada docente da «Carolina Michaëlis».
Se bem que pelos piores motivos, a gravação feita à custa de um outro telemóvel na sala de aula serviu para fazer tocar a rebate as consciências dos agentes educativos e, acima de tudo, de uma sociedade falha de memória e de costas voltadas não tanto com a escola, mas antes com o processo conducente à transmissão de valores e princípios.
A forma (in)compreensível como a aluna se dirigiu à professora de francês, com o verdadeiro «circo de feras» a assistir, (imp)ávido de mostrar quem, afinal, manda na escola, não é mais do que um sinal dos tempos, marcados ao ritmo de condutas morais que ferem de morte um dos pilares da escola e da sociedade: a autoridade.
Sob pena de se perder de uma vez por todas o que ainda resta da «antiga escola», não só de currículos e conteúdos, mas também de regras e princípios, como o respeito e a disciplina, é provavelmente chegada a hora de todos pararem para reflectir não no caso da aluna da «Carolina Michaëlis», mas na Escola de um País que já se dá por contente à sombra das estatísticas do combate à taxa de abandono escolar.
E que não haja dúvidas: se se perder a Escola, não se perdem os jovens – perde-se o futuro. Tudo.
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