O eurodeputado Silva Peneda defendeu ontem, no âmbito de um fórum/debate promovido pela Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (AEFLUP), a necessidade de existência de “um espírito de conquista em três áreas fundamentais – trabalho, inovação e capital – para inverter as assimetrias” entre a Região Norte e Sul.
Segundo um estudo do EUROSTAT, o Norte é uma das mais pobres regiões do espaço europeu, ocupando mesmo o 255 lugar numa lista de 273 regiões, e já a mais pobre em todo o continente, conforme aponta o Instituto Nacional de Estatística (INE), no relatório de Março de 2008.
Nada que surpreenda Silva Peneda, que não tem dúvidas em apontar o dedo à globalização como a causa primeira para o novo paradigma económico e social.
“A globalização não afectou todas as regiões da mesma forma. Umas foram atingidas de uma forma positiva e outras de uma maneira negativa”, considerou, dando como exemplo o sector têxtil: “Para a Região Norte, os efeitos foram nefastos, mas, para a indústria alemã que fornece o sector têxtil indiano, chinês, ou paquistanês, o fenómeno teve o efeito oposto”.
Mesmo sem querer alimentar querelas político-partidárias, o eurodeputado social-democrata, ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade Social nos Governos de Cavaco Silva, lamentou o atraso na promessa feita pelo Governo de José Sócrates de ter o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para 2007-2013 pronto em Janeiro de 2007.
Mais: o ex-ministro de Cavaco Silva também condenou que aquele documento estratégico para o desenvolvimento do País não defina um objectivo claro para os próximos sete anos, adepto de uma lógica segundo a qual “o que não é medido não pode ser gerido”.
Para Silva Peneda, a globalização está, de facto, a “empobrecer a Região Norte”, já ultrapassada pelos Açores e pelo Alentejo, mas “o problema também é político”. O social-democrata questionou mesmo, na Faculdade de Letras, o «pacote» de investimentos previstos no âmbito do QREN para o Norte do País.
“Dos 13 mil milhões de euros de investimento do Programa Operacional Temático de Valorização do Território, só 600 milhões, ou seja, 4,6 por cento, serão investidos no Norte, em apenas três projectos: IP4 Vila Real/Quintanilha, plataforma logística de Leixões e IC35 Penafiel/Entre-Os-Rios”, sublinhou Silva Peneda, certo de que a política de prioridades do Estado mostra “uma clara insensibilidade política e social”.
Em jeito de conclusão, o eurodeputado garantiu ainda que “o problema do Norte não pode ser visto como uma questão regional, pela sua natureza e dimensão”, e assumiu que, “se a Região Norte não recuperar da actual situação, o País está condenado a ser o lanterna vermelha da União Europeia”.
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